Na minha vivência de brasileiro, como o restante de nosso povo, vi repetirem-se os escândalos pelo país afora. Ou melhor, adentro!
Na ditadura militar, que durou 21 anos, a roubalheira era escondida por medidas de repressão.
A mais singela delas eram os versos de Camões substituindo matérias que denunciavam o desvio de recursos públicos do regime militar.
Tinha até ministro conhecido como Senhor 10%.
Com a redemocratização as portas da transparência se abriram e a roubalheira veio à tona com mais facilidade.
A questão é que elas foram sendo repetidas com mais frequência e maior intensidade, a cada ano que passa.
As páginas de política da imprensa foram tomando forma de páginas policiais.
São tantas as notícias de desmandos de corrupção em todos os poderes do país, que ninguém consegue memorizar as denúncias das falcatruas.
E aquilo que no passado era roubo de milhões, hoje se transformou em desvio de bilhões.
A corrupção no Brasil se institucionalizou nos 3 poderes da República, e o serviço público se transformou num grande negócio.
E daí, a roubalheira se espalhou para fora da área pública, alcançando entidades da sociedade civil e da área privada.
A corrupção tornou-se uma mania nacional. E nesse quesito da vida brasileira, a divisão clássica de “direita” e “esquerda” se tornou obsoleta e caricata, pois as duas vertentes “ideológicas” já chafurdaram no pântano da corrupção.
Se falou que o montante de dinheiro surrupiado pela corrupção no Brasil chega a 200 bilhões de reais.
Tenho a impressão que esse valor está subestimado.
“Se eles roubam lá em cima, por que não posso roubar também???”
Essa é uma frase comum que se houve na rua.
A cada novo escândalo o Brasil morre mais um pouco como Nação.
Nos últimos 20 anos tivemos o Mensalão, o Petrolão, o Emendão e agora o Consignadão. Isso sem falar dos escândalos paralelos que acontecem pelo país afora.
Ao lado disso, e como consequência, a criminalidade comum e a violência aumentam a cada dia, infernizando a vida da população, e se tornando a principal preocupação dos brasileiros.
A relação entre a corrupção e a criminalidade comum é umbilical.
O policial corrupto é padrinho protetor do criminoso comum.
O juiz corrupto é o padrinho protetor do agente público ladrão.
Esses cenários se entrelaçam, se ajudam e se potencializam.
É bastante difícil visualizar como o Brasil vai sair desse abismo.
Somente uma consciência e uma ação coletiva, que se construir na mente e no coração da banda saudável do nosso povo, poderá enfrentar e derrotar esse cenário de falência moral do Brasil.
Isso, se ocorrer, será demorado e traumático, e deverá ocorrer sempre, nos marcos da democracia.
Junto com a batalha por maior equidade social e pelo desenvolvimento econômico com sustentabilidade, esse é o imenso desafio do Brasil!