Greta, a menina virou mulher. Por Milton Flavio

A missão humanitária a Gaza revelou ao mundo uma Greta Thunberg mais madura e
com uma atuação de espectro mais amplo do que demonstrava na origem do
movimento Friday For Future.
A participação de Greta,22, na missão do barco Madleen- organizada pela Flotilha da
Liberdade, coalizão internacional que atua pelo fim do bloqueio israelense à faixa de
Gaza nos revelou uma Greta com uma atuação e abraçando causas que vão além do
ativismo ambiental que a tornou famosa quando ainda era uma adolescente.
No início protestava, todas as sextas-feiras, em frente ao Parlamento Sueco contra as
mudanças climáticas, ganhando adeptos e sendo escolhida, aos 16 anos, em 2019,
como a Pessoa do Ano pela revista Time. Esse reconhecimento permitiu-lhe estar
presente em eventos como o Fórum Econômico de Davos, na Suíça, e em Conferências
Climáticas onde cobrou de líderes mundiais uma ação mais contundente contra as
mudanças climáticas e seus efeitos devastadores em muitas regiões do mundo.
Greta já vinha abraçando publicamente outras causas e participando de movimentos
de desobediência civil que motivaram sua detenção e prisão em muitas ocasiões.
Solidarizou-se com a Ucrânia assolada pela invasão russa e clamou por justiça climática
recusando-se a participar da 29ª Conferência do Clima, realizada em Baku, no
Azerbaijão, um país dependente de combustíveis fósseis e com um passivo de
repressões a ativistas ambientais.
Contudo Greta assumiu um papel mais consistente e consequente ao afirmar, em
entrevista ao programa Democracy Now no início desta semana, que: “ não podemos
ter justiça climática sem justiça social” e que “ a razão pela qual sou uma ativista
climática não é porque quero proteger arvores; faço isso porque me importo com o
bem-estar humano e planetário. ”
Mais relevante e conclusivo foi ela enfatizar que “ não importa qual seja a causa do
sofrimento: seja CO2, sejam bombas, seja a repressão estatal ou outras formas de
violência, precisamos nos posicionar contra esta forma de sofrimento. ”
Sem dúvida ouso concluir que a menina virou mulher.