A filosofia não é matéria de conhecimento, ou seja, em todas as outras disciplinas temos algo que aprender. Em matemática, uma sequência lógica de teoremas; em física; em ciências naturais; em história, um conjunto de fatos ou acontecimentos, que os professores procuram explicar de modo racional. Em filosofia não é assim.
A filosofia não nos dá um saber, será que não nos proporá uma arte de viver, uma determinada moral?
Não há em filosofia “verdade” da mesma ordem de um teorema ou de uma lei física.
Cada filósofo se preocupa em refutar os que o precederam e, por sua vez, também, será refutado.
Cada filósofo, até certo ponto como cada artista, possui sua própria maneira de ver e explicar o mundo.
As teorias não são valiosas, em princípio, pelo seu conteúdo, mas porque oferecem o exemplo de uma reflexão.
E como disse Immanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão: “Não há filosofia que se possa aprender; só se pode aprender a filosofar.”
A filosofia não é a “sofia”, ciência e sabedoria ao mesmo tempo. É somente o desejo, a procura, o amor dessa “sofia”.
Portanto, a filosofia é a procura do saber e não a sua posse.
“Fazer filosofia é estar em caminho; as perguntas em filosofia são mais essenciais que as respostas e cada resposta transforma-se numa nova pergunta”.
Karl Jaspers (1883-1969), filósofo e psiquiatra alemão e suíço.
O fanático está certo de possuir a verdade, mas o verdadeiro filósofo é humilde, isto é, possui uma humildade autêntica que se opõe ao orgulhoso dogmatismo do fanático.
Esse obstinado, ele não tem mais necessidade de pesquisar e sucumbe à tentação de impor a sua verdade a outro.
Acreditando estar com a verdade, ele não tem mais o cuidado de se tornar verdadeiro; a verdade é o seu bem, sua propriedade, enquanto que para o filósofo a verdade é uma exigência.
O fanático se ilude, ele possui uma certeza que, na verdade, não existe.
A verdade está diante de nós e não pertence mais a mim que a ti!
A consciência do filósofo é inquieta, insatisfeita com o que possui, mas à procura de uma verdade para a qual ela se sente destinada.
Enfim, filosofia é procura e não posse, por isso, o trabalho filosófico é um trabalho de reflexão.
Ser filósofo é refletir sobre o saber, interrogar-se sobre ele, problematizá-lo.
Filosofia é o saber do saber!
Ao filosofar, surgem perguntas cuja formulação ultrapassa as preocupações da ciência.
De onde vem o homem e para onde vai?
Por que existe um mundo ao invés do nada?
É a consciência o termo final do mundo ou um acidente transitório?
Está sujeito o homem a um determinismo ou possui um livre-arbítrio?
Todos esses problemas são tipicamente metafísicos.
Enfim, a filosofia é uma reflexão crítica sobre o saber.
Portanto, a filosofia não é um saber como não é um poder.
Filosofar é, acima de tudo, um ato de humildade perante o Universo e perante a magnitude de Deus.
O filósofo se esforça em ser o peregrino da verdade. Por Sorayah Câmara

Escritora e advogada
Deixe um comentário
Deixe um comentário