As andanças de José Dirceu, na mais nova temporada da série “A Volta dos que não Foram”, implica novo episódio da insólita recente história do Brasil: Promissor, mas Ordinário.
Livre, depois dos 6×5 em match previsível no STF, José Dirceu mira agora as eleições para presidência das mais importantes seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), isto é, nas mais importantes regiões do país.
Após derrota acachapante da esquerda nas eleições para as prefeituras municipais sobrou a OAB como refúgio para recompor as forças políticas, reorganizar a militância e preparar a ressureição. Tudo isso regado a fundos abundantes e generosos.
Mas o Mercador não ambiciona apenas a reorganização do ativismo militante. Ele quer, como o “Mago”, em “A Tempestade” de Shakespeare, recuperar o registro de advogado cassado por força das condenações recebidas no passado recente.
Intenções nada republicanas, mas legítimas para quem teve os processos anulados.
Contudo, uma vergonha.
Verdadeira desonra para a advocacia.
E agora Brasil?
Você só queria os malfeitores fora, mas tudo não parece passar de uma tratantada. O Mercador está de volta e marcha a passos largo para se abrigar nos pulmões da democracia, da liberdade e do estado de direito: A Advocacia.
“E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde? (Carlos Drummond de Andrade)
Não para a OAB – porque votar é um ato libertador, democrático e moral, e não se submete à obediência às ordens de alguém.
José: A história do Brasil democrático, construída sob os auspícios das “Diretas Já”, se tornou uma narrativa de dignidade e progresso, sem mais espaço para aventureiros e mercadores. Não zomba mais dos outros. Sua marcha acabou!