Atualmente cerca de 70% das emissões de gases de efeito estufa no mundo são provenientes das cidades, sendo que perto da metade é originada dos transportes urbanos e em especial aqueles de transportes privativos, os carros e motos. Neste sentido, o transporte público, sobretudo aqueles que dispensam o uso de combustíveis derivados do petróleo, representam uma estratégia importante para enfrentar os desafios da sustentabilidade.
Estudos realizados por pesquisadores do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) – um Centro de Pesquisa e Difusão (CEPID) patrocinado pela FAPESP buscaram comparar o acesso ao transporte público em São Paulo, Nova Iorque e Londres com base no tempo de viagem dos usuários e no custo das passagens. Os resultados mostraram que em Nova Iorque, onde existe uma política de integração que busca aliviar a desigualdade no acesso ao transporte público, os usuários normalmente gastam, em média, 5 a 10% da sua renda com esta finalidade enquanto que em São Paulo isto pode representar de 20 a 40%.
Em outro estudo, igualmente apoiado pela FAPESP, pesquisadores do Instituto de Astronomia. Geofísica e Ciências atmosféricas (IAG) e da Faculdade de Saúde Pública da USP (FSPUSP) estão elaborando mapas para identificar as regiões da cidade de São Paulo com maiores índices de poluição e os períodos em que ocorrem os picos desta emissão.
Utilizando equipamentos portáteis, como contadores de partículas a laser e aparelhos de GPS instalados em carros, pesquisadores do IAG e da FSPUSP estão medindo e obtendo dados georreferenciados da concentração de materiais particulados a que os motoristas e passageiros estão expostos na cidade em diferentes horários e meios de transporte. No estudo foi avaliada a exposição a poluentes atmosféricos durante deslocamentos por diferentes tipos de transportes como carro, ônibus, metrô e bicicleta em diversas regiões da cidade. Os resultados revelaram que os moradores da região oeste da capital estão expostos a uma concentração maior de um poluente atmosférico chamado de carbono negro. As melhores condições de qualidade do ar estão nas regiões com maior cobertura vegetal. Em regiões com qualidade intermediária na qualidade do ar pesou a presença de edifícios altos que prejudicam a dispersão da poluição no ar.
Os pesquisadores também puderam demonstrar que a exposição fora do horário de pico no trânsito foi 40% menor pela manhã e 91% menor no período noturno. Outro fato que merece destaque é que a exposição e a concentração de particulados são maiores quando os veículos trafegam com as janelas abertas.
Esses dados foram comparados com o de outras nove cidades participantes do estudo , localizadas na Ásia, África e América do Sul, e eles mostraram-se menores do que os observados nestas cidades Este resultados podem ser atribuídos a existência do Programa de Controle da Poluição do Ar por veículos Automotores (PROCONVE) que vem estabelecendo exigência do uso de combustíveis mais limpos e motores mais eficientes em nosso país e a maior participação de fontes renováveis em nossa matriz energética.
Estes resultados estão entre os apresentados durante um painel de apresentação de oportunidades de estudos sobre cidades inteligentes realizado no dia 09/04 na abertura da FAPESP Week Illinois, em Chicago-Estados Unidos, uma parceria da FAPESP com o Sistema de Universidade de Illinois (UIS) com o objetivo de criar oportunidades de cooperação cientifica e tecnológica entre pesquisadores do Estado de São Paulo e do centro oeste norte-americano.