“Socorro, meu Deus”!
Há quem duvide ou acredite no fim da impunidade no país da violência desenfreada na ilha da bandidagem. Não vou negar que sou descrente. As instituições deveriam proteger a comunidade, mas não querem assumir que perderam a guerra para o crime nas ruas ou nos becos das grandes e das pequenas cidades. Atualmente, até a zona rural entra no pacote da insegurança que massacra o cidadão comum. A saída segura? Morar em lugares menos perigosos, como a Faixa de Gaza ou a divisa entre Rússia e Ucrânia. Apaguem a minha ironia e o meu exagero. Só que aqui os facínoras não poupam ninguém. Nem os inocentes pegos de surpresa nas invasões domiciliares que se acumulam nas rotineiras ocorrências.
O Congresso não mexe uma palha sequer para endurecer o Código Penal que não pune como deveria. As quadrilhas políticas estão mais preocupadas em assegurar as emporcalhadas emendas parlamentares. Que, em outras palavras, não passam de corrupção legalizada. Ou pagam ou não votam favoravelmente ao governo. O ministro Flávio Dino (STF) comprou a briga e o circo ainda permanece nebuloso.
Eu daria mil exemplos que poderiam medir o tamanho da monstruosidade ignorada nos porões dos poderes adormecidos e maleficamente incorporada à cultura de uma terra de ninguém. O feminicídio cresce como nunca.
Um dos casos mais recentes levou embora nossa colega Vanessa Ricarte, de 43 anos, conceituada jornalista de Campo Grande, esfaqueada pelo ex-noivo, Caio Nascimento, já preso. A a vítima havia obtido a medida protetiva e, algumas horas depois, o músico se vingou da ex-companheira. A delegada sugeriu que a vítima voltasse para casa. Deu no que deu.
É como se o covarde zombasse da fragilidade judicial que impera nas letras mortas dos tribunais e na falta de percepção humana de magistrados agarrados aos penduricalhos embutidos no salário. Entre 2015 e 2023, mais de 10 mil mulheres perderam a vida para o machismo barato que se põe num sujo e falso pedestal de superioridade. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) ainda não atualizou o triste ranking da vergonha. Elas diriam… “Socorro, meu Deus”!