Ronaldo Fenômeno está decidido. Se nos contatos que fizer até o final de fevereiro ele sentir que tem respaldo para se candidatar e ser eleito presidente da CBF, vai lançar sua candidatura e utilizará de todos os recursos disponíveis para chegar lá. Para quem não sabe, as eleições na entidade que administra o futebol brasileiro já poderão ser marcadas a partir de março deste ano. Aliás, o mais provável até, é que ela seja mesmo programada para o primeiro semestre deste ano, não só pelo interesse de Ronaldo, mas também pelo do atual presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, que só está no cargo porque uma liminar, na Justiça Comum do Rio de Janeiro lhe garante isso. Só que essa liminar pode ser cassada a qualquer momento, e Ednaldo não quer perder a chance de ser candidato novamente, tendo nas mãos o poder que o cargo lhe dá. Assim, a chance de que essas eleições sejam mesmo entre março e abril deste ano é muito grande. Ednaldo quer e Ronaldo também. A possibilidade do lançamento de um terceiro nome, por sua vez, é quase nula. Diante disso, o futuro presidente da CBF será Ednaldo ou Ronaldo. Não haverá nenhum outro nome na jogada. Diante dessa realidade, é o caso de se perguntar: qual dos dois candidatos seria melhor para a CBF? Ednaldo, que já tem experiência no cargo, ou Ronaldo, que decidiu ser candidato só agora, por sugestão de alguns amigos mais chegados? E mais. Numa análise fria, qual deles faria melhor gestão caso fosse eleito?
Em minha opinião, os dois são candidatos ruins. Ednaldo, por exemplo, provou durante o período em que está no cargo, que é um dirigente sem iniciativa, que nada faz em favor da entidade que dirige ou pelo futebol brasileiro, de uma maneira geral. Já Ronaldo Fenômeno, apesar de ter um prestígio enorme dentro do futebol brasileiro e até fora dele, não me parece ter o perfil ideal para ocupar um cargo de tamanha importância. Primeiro, porque ele só provou até agora que era um gigante dentro de campo, mas pouco qualificado fora dele. Como exemplo, podemos citar que ele comprou o Valladolid, da Espanha, tempos atrás, e, até hoje não o transformou num grande clube. Ao contrário. É uma agremiação que está sempre entre os últimos colocados do campeonato espanhol e sempre em dificuldade para cumprir seus objetivos. Na outra tentativa feita como dirigente, Ronaldo fez um trabalho medíocre do Cruzeiro, de Belo Horizonte. Seu time não ganhou praticamente nada e a torcida do clube mineiro, nos últimos meses de Ronaldo na presidência, gritava “fora Ronaldo” em todos os jogos de seu time. Ronaldo acabou achando um bom negócio para vender o clube e o fez o mais rápido que conseguiu. O que prova que ele não estava à vontade, na função. Se ainda hoje perguntarem a qualquer torcedor cruzeirense se ficou com saudades do Fenômeno na presidência de seu clube, a resposta será sempre negativa. Ao ponto de cada torcedor dizer publicamente que não gostaria mais de ver Ronaldo no comando de seu clube de coração.
Diante disso, já chegamos à conclusão que Ronaldo no comando da CBF seria um enorme desastre. Primeiro, porque ele tem o espírito de um autêntico boleiro, daqueles que, quando entra em campo, faz misérias contra seus adversário, mas, fora dele, é daqueles que gosta mesmo, é de “viver a vida”, e não ser dirigente de qualquer entidade esportiva. Além disso, Ronaldo não tem uma postura muito elogiável fora dos gramados. Ele adora e tem o direito de fazer programas diferentes. Seja acompanhado de lindas mulheres, mas também de um simples gay, como aconteceu anos atrás, num ponto de ônibus, lá no Rio de Janeiro. Além disso, apesar de ser multimilionário, Ronaldo não é muito rigoroso na administração de suas finanças, o que, convenhamos, seria fundamental para alguém que quer ser presidente da CBF. Lembro que esta entidade é hoje uma das mais ricas do mundo, mas está totalmente desarrumada. Seu calendário futebolístico anual, por exemplo, é vergonhoso. Há clubes que jogam duas, três ou até quatro vezes numa mesma semana. Um absurdo, um abuso, uma falta de respeito a técnicos e jogadores, que não suportam tanto desgaste. O próprio torcedor, que sonha acompanhar seu clube em todos os jogos, já não tem mais condições para tanto. É muito dinheiro para frequentar um estádio três ou quatro vezes por semana.O calendário do futebol brasileiro exige mudanças drásticas, porque nem clubes, nem técnicos, nem jogadores suportam mais essa maratona de jogos.
São muitas Copas, torneios e campeonatos para disputar. Como consequência, o futebol cai em qualidade, os jogadores estouram fisicamente e os torcedores não têm recursos suficientes para bancar tantos ingressos nas quatro semanas de cada mês. Isso para não falar da péssima qualidade da arbitragem, que é o “calcanhar de Aquiles” de nosso futebol (como na Europa, a CBF deveria profissionalizar seus árbitros!). Diante de tantos problemas e conhecendo Ronaldo como nós conhecemos, é o caso de se perguntar, será que ele daria conta de recuperar a CBF pelo menos, à médio prazo? Duvido e pago prá ver. Acho que Ronaldo tem até o direito de sonhar com a presidência da CBF, mas seria melhor ele cuidar de suas famílias (ele tem várias), de suas mulheres, de suas finanças. Como dissemos acima, que ele se mantenha onde está e continue a “curtir a vida”, e como gosta de dizer, e deixe para personagens mais competentes, a missão de administrar e remodelar o futebol brasileiro. Esse recado vale também para o atual presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. Ele já provou que não tem nenhuma qualidade para transformá-la numa entidade de primeiro mundo. Melhor, portanto, que desista de um novo mandato e passe o bastão para alguém melhor preparado. Chega de oportunistas e enganadores. A CBF e o futebol brasileiro exigem uma mudança radical. Quanto antes ela acontecer, melhor!! Concordam???