As mudanças climáticas estão moldando significativamente o mercado imobiliário, e a recente tendência observada em São Paulo não é apenas uma reflexão das altas temperaturas, mas também uma mudança de comportamento dos consumidores.
O ar-condicionado, agora considerado o item mais procurado por quem busca um imóvel na capital paulista, superou outros itens tradicionalmente valorizados, como churrasqueira, armários embutidos e até a desejada vista livre. Esse dado, apresentado em pesquisa do QuintoAndar, revela não só o impacto das ondas de calor intensas, mas também o quanto a adaptação do mercado imobiliário às novas necessidades dos consumidores está se tornando essencial.
Em 2024, a busca por imóveis com ar-condicionado aumentou 40% em comparação com 2023, com um crescimento de 58% nas vendas desses imóveis. De fato, o item saltou da sétima para a primeira posição no ranking de preferências dos compradores, refletindo a crescente necessidade de conforto térmico em um cenário de clima extremo.
De acordo com o especialista em dados do QuintoAndar, o aumento das ondas de calor tem levado os moradores de São Paulo a darem preferência a imóveis que já possuam sistemas de ar-condicionado, uma resposta direta às mudanças climáticas que a cidade tem enfrentado. Ele acredita que essa tendência continuará em 2025, com uma demanda crescente por propriedades que atendam a essa nova prioridade de conforto térmico, cada vez mais importante para os compradores.
Essa mudança de comportamento não é um fenômeno isolado. As ondas de calor que se intensificaram nos últimos anos e o recorde de temperatura registrado em 2024 pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) revelam que as mudanças climáticas estão transformando a forma como as pessoas percebem o conforto no dia a dia. Em um contexto em que a qualidade de vida está diretamente ligada à condição térmica dos ambientes, ter um ar-condicionado se tornou mais do que uma comodidade – é uma necessidade.
Enquanto em São Paulo o ar-condicionado figura como o item mais buscado, esse cenário ainda não se repete em outras capitais, como Rio de Janeiro e Belo Horizonte, onde o item ocupa posições mais baixas nas preferências dos consumidores. Isso se deve a uma diferença na infraestrutura dos imóveis e na adaptação das construções às necessidades locais. No Rio, por exemplo, o ar-condicionado é quase um padrão, sendo encontrado em 40% dos imóveis, enquanto em São Paulo, esse número é de apenas 21%.
Na minha visão, essa mudança nas preferências do consumidor é um reflexo direto de como as condições climáticas estão forçando o mercado imobiliário a se adaptar mais rapidamente às novas demandas. O crescimento da procura por imóveis com ar-condicionado não é apenas um reflexo do aumento do calor, mas também uma evidência clara de que os consumidores estão mais exigentes e atentos às condições de conforto em suas casas.
Como alguém que atua no setor há anos, posso afirmar que o mercado imobiliário está em constante transformação, e os dados apresentados são um indicativo de que o setor precisa se antecipar a essas mudanças para atender as novas demandas. Além de adaptar os imóveis às necessidades térmicas dos consumidores, é preciso pensar em soluções mais sustentáveis e acessíveis.
O mercado tem que evoluir de acordo com o comportamento do consumidor, e no caso de São Paulo, isso significa repensar a construção de imóveis e garantir que as infraestruturas estejam preparadas para atender a essa nova realidade.
Com as altas temperaturas se tornando mais frequentes, não é mais possível ignorar o impacto que isso terá na construção e na demanda imobiliária. Isso representa uma oportunidade significativa para os incorporadores e construtoras que souberem se adaptar a essas novas preferências.
No futuro próximo, além de oferecer imóveis modernos e bem localizados, será necessário também garantir que eles atendam às exigências de conforto térmico, com sistemas de climatização adequados, a fim de atrair compradores e inquilinos em um mercado cada vez mais exigente.
Em minha opinião, o mercado imobiliário de São Paulo deve continuar a se ajustar a essas novas demandas climáticas, e essa tendência de valorização de imóveis com ar-condicionado provavelmente se espalhará para outras grandes cidades. A busca por soluções de conforto térmico deve se tornar uma prioridade, tanto para quem compra quanto para quem investe no setor, já que, a médio e longo prazo, as mudanças climáticas serão um fator decisivo no comportamento dos consumidores.