Tem muito torcedor de clube grande no Brasil que, até agora, ainda não sabe o que é SAF – Sociedade Anônima do Futebol. Em nosso País, vários clubes já aderiram ao projeto e se transformaram em SAFs. Em sua maioria eles conseguiram, dessa forma, evitar o fechamento de suas portas. No Brasil, nada menos do que 10 clubes já funcionam como SAF: Atlético Mineiro, Botafogo carioca, Cruzeiro, Vasco da Gama, Bahia, Fortaleza, América Mineiro, Coritiba, Cuiabá e Portuguesa de Desportos. Para todos eles essa transformação foi extremamente benéfica. Um dos maiores exemplos de sucesso neste novo projeto, é o do Botafogo, do Rio de Janeiro. Ele ficou anos sem contratar bons jogadores, sem manter a folha de pagamento em dia e sem pagar as despesas mensais que um time de futebol tem todos os meses. Depois de virar SAF, o alvinegro carioca conseguiu não só reforçar com qualidade seu elenco como ganhou dois títulos importantes no ano passado (o da Copa Libertadores e o do Brasileirão) que fizeram sua fanática torcida voltar a sorrir.
Mas como há um exemplo positivo a ser citado, há outro que mostra o lado negativo de uma SAF. É o caso da SAF que administra a Portuguesa de Desportos. Esse clube, como se sabe, foi destruído por seus últimos dirigentes que o levou a cair para a quarta-divisão do futebol brasileiro (Série D). No ano passado, no entanto, um empresário fez uma proposta para transformar o clube em SAF. O Conselho Deliberativo aprovou e Antônio Carlos Castanheira assumiu a presidência. Desde então, ele administra a Portuguesa como quer. Não dá satisfação a ninguém. Nem aos associados, nem ao Conselho. Há muita revolta em razão de sua postura. Mas não há, legalmente, como afastá-lo do cargo. Castanheira tem, por contrato, o direito de administrar o clube como quiser. E o que ele faz. Pior ainda é que dizem, ele vende jogadores e não presta contas a ninguém. Se fosse um presidente normal, seria deposto. Mas como presidente da SAF, não há como destituí-lo do cargo. Precisaria haver um motivo muito forte para afastá-lo. E ele sabe disso.
Independente disso tudo, me parece, as SAFs chegaram para ficar. Acredito que muitos clubes ainda vão aderir a ideia. Basta dar uma olhada nas dívidas atuais dos principais clubes do Rio e São Paulo.. No São Paulo, o atual presidente, Julio Casares, apresentou na semana passada o balanço de 2024. Foi quando os conselheiros ficaram sabendo que a dívida tricolor está perto de 1 bilhão de reais. Algo assustador. Mesmo assim, o Conselho Deliberativo do São Paulo, não quer saber de transformar o clube em SAF. No Corinthians, a dívida, só deste ano, está em mais de 700 milhões. A dívida total (com pagamento do estádio) já passa dos 2 bi e 500 milhões de reais. Diante de tamanho rombo financeiro, fica a pergunta:quem vai pagar essa dívida? Confiram também as dívidas de outros clubes desta região do País: Palmeiras, 447 milhões (apesar de ter Leila Pereira na presidência!). O Flamengo, do Rio de Janeiro, deve 1 bilhão 207 milhões. Sua vantagem é que arrecadou 2 bi e 24 milhões de reais no ano passado. O Santos também está endividado. Valor da dívida, 612,5 milhões de reais. O Vasco, que já é SAF, deve 1 bilhão e 400 milhões. O Fluminense, 822 milhões de reais. Diante disso, o que você faria se fosse presidente de seu clube de coração? Tentaria renegociar a dívida ou transformaria o clube em SAF? Eu optaria pela SAF, mas antes, escolheria o nome certo para dirigi-la. E você?