Sou do tempo em que as camisas iam de 01 a 11. Sem bancos de reservas, sem substituições usadas para atrasar o jogo e passar o tempo
Sou do tempo das camisas limpas, sem esse mundo de propagandas. Tempo das chuteiras pretas e do futebol colorido
Sou do tempo em que os deputados Wadi Helu, pelo Corinthians, e Esmeraldo Tarquinio, pelo Santos, apostavam e o perdedor vestia a camisa do time vencedor. Sem agressões, sem violênia.
Sou do tempo em que torcedor ia ao Pacaembu para ver Canhoteiro, mesmo não sendo triclor; Luisinho, sem ser corintiano, Ademir da Guia, sem ser palmeirense. Ia aplaudir Pelé de pé…
Sou do tempo em que não havia separação das torcidas. Em que a farra era soltar preservativos como se fossem balões de gás
Sou do tempo em que a festa era contar até 23 e cantar parabéns ao Corinthians. Depois, contar até 17 para o Palmeiras, pelos anos de fila.
Sou do tempo em que vendia ceerveja nos estádios. Torcedor ia de terno, chapéu, guarda-chuva, que ninguém quebrava na cabeça do outro. Fumava cigarro comum.
Sou do tempo em que os clubes eram dirigidos por apaixonados, juramentados, nada recebiam nem tiravam dos clubes.
Sou do temo em que jogador e diretor discutiam e assinavam contratos, sem procuradores, sem intermediários
Sou do tempo em que repórter podia assistir aos treinos e entrevistar jogadores ali mesmo. Até Sônia Peixoto inventar o Acaz Felleger
Sou do tempo em que vitória valia dois pontos e os times tinham como objetivo único ganhar o título – comemorado na Paulista.
Hoje vejo chuteiras coloridas e futebol opaco. Cartolas desconhecidos recebendo salários e bonus não revelados. Agredindo verbalmente uns aos outros.
Hoje vejo uniformes poluidos de propagando, como porta de tintureiro chinês. Torcidas únicas que se matam longe dos estádios
Hoje vejo torcedor ofender e ameaçar jogadores do seu próprio time. Assessores que barram repórteres. Treinos secretos e futebol escondido.
Hoje vejo técnicos estudarem tanto o jogo do adversário, que acabam esquecendo de ensinar seu time jogar.
Hoje vejo time administrar 1 a 0, ‘roubando” o torcedor que paga por 90 minutos. Vejo torcida comemorar classificação para Libertadores, Sulamericana
Hoje vejo torcida comemorar seu time – que antes brigava para ser campeão -, se livrar do rebaixamento. Vejo jogadores acusados de maracutaias.
Hoje não vejo mais nada…