Indignar-se não basta.
Vivemos tempos em que protestar parece não surtir efeito. Por mais que nos
mobilizemos, por mais que se grite nas redes ou nas ruas, o sentimento de
impotência diante do rumo do país insiste em se instalar.
Foi essa inquietude – esse desconforto com a ineficácia de gestos isolados – que
me levou a buscar inspiração em histórias reais de coragem cívica, em
movimentos que marcaram seus tempos e reescreveram destinos.
O que mais me tocou nessa busca foram os pensamentos e ações que
convergem para a poderosa ideia da Desobediência Civil. Relendo autores como
Hannah Arendt e Henry David Thoreau, reencontrei essa verdade. E, para minha
surpresa e alegria, descobri que meu amigo e empresário Wagner Giménez Borin
acaba de lançar o livro Desobediência Civil Organizada – uma obra que chega em
hora certa, oferecendo lucidez e ferramentas para um novo agir coletivo.
Longe de ser um ato de rebeldia desorganizada, a desobediência civil é expressão
legítima da soberania popular. Um lembrete essencial: o Estado existe por
decisão da sociedade. Seus agentes – políticos e burocratas – só têm legitimidade
se atuam dentro dos limites do pacto social. Eles existem para servir e não para
se impor.
Ecoam também os alertas recentes de nomes como Vicky Bloch, ao nos falar
sobre o cansaço moral, e as análises lúcidas de Rubens Barbosa, Felipe D’Avila,
Fernando Schüller, Horacio Piva, Pedro Passos e Pedro Wongtschowski, entre
outros, que apontam para a urgência de uma postura cidadã mais ativa, crítica e
propositiva.
Estamos diante de um terreno fértil. O momento é propício ao surgimento de
uma massa crítica de cidadãos conscientes, prontos para restaurar o equilíbrio
entre o indivíduo e a máquina estatal.
Mas é preciso ir além das palavras. É tempo de se manifestar – com clareza e
coragem – contra:
- O gasto público incontrolável e sem retorno social
- A carga tributária abusiva
- O assistencialismo que aprisiona em vez de emancipar
- O uso excessivo e distorcido do Judiciário como substituto da política
- A crise de representação que transforma o Parlamento em palco de interesses
próprios
Falta-nos uma proposta clara de país.
Falta-nos ação.
Falta-nos voz.
É hora de despertar da apatia.
De mostrar, de forma pública e contínua, a nossa insatisfação – e também de
identificar e apoiar novas lideranças que nos libertem da armadilha das escolhas
pelo “menos pior”.
A história está repleta de exemplos de quando o povo, pacífica e firmemente,
disse “basta”. E o Brasil de hoje reúne muitas das mesmas razões que levaram à
transformação em outros tempos e lugares.
Vamos nos inspirar neles. Vamos exercer nossa cidadania em sua forma mais
plena. Cada um com seus instrumentos: o voto, a palavra, a ação comunitária, a
representatividade.
De forma pacífica, determinada e permanente – como nos ensinou Gandhi – pois
a desobediência civil pode, sim, transformar sociedades inteiras sem recorrer à
violência.
Com amor profundo por esta pátria, deixo aqui este convite:
Que sejamos protagonistas de uma nova história.
Uma história de cidadãos que se recusam a se calar.
Uma história em que o indivíduo retoma seu lugar no centro da democracia.
O Brasil precisa de nós. Agora!