O Brasil está em uma posição privilegiada para liderar a transição energética global para uma economia de baixo carbono. Graças à sua matriz energética já predominantemente renovável, com cerca de 50% da energia primária proveniente de fontes como hidrelétricas, biomassa, energia eólica e solar, o país se destaca em comparação com outras nações em desenvolvimento e mesmo com potências globais. Sob o comando do presidente Lula, o Brasil vem reafirmando seu compromisso com a sustentabilidade, assumindo um papel estratégico em fóruns globais voltados para a descarbonização. O potencial brasileiro para adotar e expandir soluções de energia limpa é vasto, e o desafio agora é transformar esse potencial em ações concretas.
Apesar dos avanços, a transição energética brasileira não está isenta de desafios significativos. O país enfrenta grandes obstáculos nos setores de transporte, indústria e uso do solo, que permanecem como pontos críticos para atingir as metas de neutralidade de carbono até 2050. Embora o Brasil tenha uma matriz energética de baixa intensidade de carbono, suas emissões per capita ainda são consideráveis. Atualmente, as emissões relacionadas ao uso de energia no Brasil correspondem a cerca de 18% do total, com a agropecuária e o uso do solo representando a maior parcela das emissões. Essa característica única do país, com a agropecuária respondendo por 73% das emissões totais, exige uma estratégia de descarbonização que vá além da simples substituição de fontes fósseis por renováveis. As soluções devem contemplar o setor agrícola, florestal e de uso do solo, colocando o Brasil em uma posição complexa, mas também de liderança global na agenda climática.
O primeiro grande desafio para o Brasil é o crescimento da demanda por serviços energéticos. Com uma economia emergente e uma população crescente, o consumo de energia tende a aumentar nas próximas décadas. Esse aumento de demanda implica em uma pressão constante por novas fontes de energia que sejam ao mesmo tempo limpas e economicamente viáveis. Além disso, a implementação de tecnologias para mitigar as emissões ainda está em estágio inicial. Tecnologias como armazenamento de energia, hidrogênio verde e *Carbon Capture and Storage* (CCS) precisam ser desenvolvidas em maior escala para realmente impactar a matriz energética do país. Para que o Brasil consiga atender à demanda crescente por energia e ao mesmo tempo reduzir suas emissões, a velocidade de desenvolvimento e implantação dessas tecnologias será crucial.
Outro obstáculo significativo é o alto custo de implementação de soluções tecnológicas de baixo carbono. Embora o Brasil tenha recursos naturais abundantes para energias renováveis, os investimentos necessários para transformar essa vantagem em infraestrutura concreta são elevados. Isso inclui desde a expansão da rede elétrica, para integrar novas fontes de energia, até a modernização de indústrias para se adequarem aos padrões da Indústria 4.0, que precisa ser não apenas mais eficiente, mas também mais limpa e sustentável. Nesse ponto, o vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, tem desempenhado um papel fundamental, destacando a necessidade de uma reindustrialização do país baseada em inovação tecnológica e sustentabilidade. Dentro dessa visão, o Programa Nova Indústria Brasil (NIB), lançado pelo MDIC, tem como um de seus principais eixos a sustentabilidade, promovendo uma transição industrial que alavanca tecnologias de ponta para reduzir emissões e aumentar a competitividade das empresas brasileiras no mercado global. O eixo de sustentabilidade da NIB busca integrar soluções verdes, como o uso de energias renováveis e a eficiência energética, com as demandas da economia de baixo carbono, garantindo que a indústria brasileira seja protagonista na nova economia verde global.
Além disso, os setores de transporte e industrial estão entre os maiores emissores de gases de efeito estufa no Brasil, e a transição para uma economia de baixo carbono nesses setores será crucial. No transporte, a eletrificação de veículos é uma solução promissora, mas o país também precisa investir em transporte público de baixa emissão e na melhoria da eficiência energética. A adoção de biocombustíveis avançados, como o etanol de segunda geração e o biodiesel, representa outra oportunidade para o Brasil, que já é um líder mundial na produção de biocombustíveis. No entanto, a transição completa exigirá políticas públicas robustas e incentivos econômicos que fomentem essa transformação.
O segmento de agropecuária, florestas e outros usos do solo (AFOLU) será central para qualquer estratégia de mitigação de carbono no Brasil. A recuperação de áreas degradadas, o reflorestamento e o manejo sustentável das florestas são soluções que não apenas contribuem para a remoção de carbono da atmosfera, mas também geram co-benefícios, como a preservação da biodiversidade e a melhoria da qualidade de vida nas áreas rurais. As soluções baseadas na natureza (NBS), que incluem práticas como o manejo florestal sustentável e o plantio de florestas para biocombustíveis, são vistas como uma das principais oportunidades para o Brasil consolidar-se como uma liderança global em sustentabilidade. O uso de florestas plantadas para a produção de biocombustíveis celulósicos e a adoção da tecnologia *Biomass-to-Liquids* (BTL), que permite a conversão de biomassa em combustíveis líquidos, são exemplos concretos de como o Brasil pode substituir gradualmente os combustíveis fósseis e reduzir suas emissões.
Além dessas soluções, o Brasil tem um papel emergente na economia global de hidrogênio verde. Esse combustível, produzido a partir da eletrólise de água utilizando eletricidade proveniente de fontes renováveis, é considerado uma das principais alternativas para a descarbonização de setores difíceis de eletrificar, como o transporte marítimo e aéreo. Com a vasta disponibilidade de energia solar e eólica, especialmente no Nordeste do país, o Brasil tem a capacidade de produzir hidrogênio verde a um dos custos mais baixos do mundo, estimado em cerca de US$ 0,55 por quilo até 2050. Esse fator coloca o Brasil em uma posição privilegiada para exportar hidrogênio verde para mercados como Europa e Estados Unidos, gerando receitas significativas para a economia e consolidando sua liderança no setor de energias renováveis.
Outro ponto de destaque é o potencial dos biocombustíveis avançados. O Brasil já é uma referência global na produção de etanol e biodiesel, mas a próxima fronteira envolve tecnologias como BECCS (Bioenergy with Carbon Capture and Storage), que permite capturar e armazenar CO2, tornando os biocombustíveis uma solução ainda mais estratégica para a transição energética. Essa tecnologia não só mitiga as emissões de carbono, mas também pode gerar créditos de carbono, criando novas oportunidades econômicas para o Brasil em um mercado global que valoriza cada vez mais soluções de baixo carbono.
A Apex-Brasil, sob a liderança de Jorge Viana, tem desempenhado um papel central na atração de investimentos estrangeiros para o setor de energias renováveis e de baixo carbono. Em 2023, a agência apoiou projetos que geraram mais de 7 bilhões de dólares em investimentos, com a criação de 5 mil novos empregos no Brasil. O país foi o quinto destino global de Investimento Estrangeiro Direto (IED), ficando atrás apenas de potências econômicas como Estados Unidos e China, o que demonstra sua competitividade na atração de capital para projetos de transição energética.
Entre os setores prioritários para a Apex-Brasil estão as energias renováveis, como a solar e eólica, além do petróleo e gás natural, que ainda desempenham um papel de transição. O gás natural, por exemplo, é visto como um combustível de transição essencial, especialmente em regiões como o Nordeste, onde o potencial para geração de energia solar e eólica é imenso. O apoio de Jorge Viana e a articulação de parcerias público-privadas têm sido fundamentais para garantir que o Brasil continue atraindo investimentos significativos nesse setor.
A transição energética no Brasil oferece uma série de desafios e oportunidades. Com uma matriz energética já predominante em fontes renováveis e um grande potencial para expansão em áreas como o hidrogênio verde e os biocombustíveis avançados, o país está bem posicionado para liderar o movimento global rumo a uma economia de baixo carbono. No entanto, será necessário enfrentar os desafios tecnológicos, financeiros e logísticos para garantir que a neutralidade de carbono seja alcançada até 2050. A atração de investimentos estrangeiros e a implementação de políticas públicas eficazes serão fundamentais para transformar esse potencial em realidade.
Sob o comando do presidente Lula e com o vice-presidente Geraldo Alckmin reforçando a importância de uma indústria 4.0 mais limpa e sustentável, com destaque para o Programa Nova Indústria Brasil (NIB) e seu eixo de sustentabilidade, o Brasil tem a oportunidade de não apenas garantir sua própria segurança energética, mas também de se tornar um dos principais fornecedores globais de energias renováveis, contribuindo ativamente para a mitigação das mudanças climáticas globais. Como destacou o especialista em energia e ambientalista Lester R. Brown: “A transição para uma economia de energia renovável não é apenas possível; ela já está em andamento, e o Brasil tem uma oportunidade de liderar.” Com a combinação de recursos naturais, tecnologia e um ambiente regulatório favorável, o Brasil está preparado para ser um protagonista na nova economia