Em 1937, na vigência da nova Constituição de 1934 e na iminência do pleito
eleitoral que daria a vitória à oposição, foi divulgada pelo governo de então uma
tentativa de tomada de poder por parte dos comunistas conhecido como Plano
Cohen. Esta versāo fantástica de tentativa de golpe de Estado foi denunciada pelo
presidente Getúlio Vargas através das rádios e jornais da época utilizando-a como
justificativa para o estabelecimento do verdadeiro golpe de Estado que acabou
com a democracia no Brasil, instalndo a ditadura do Estado Novo, em 10 de
novembro de 1937. Anos depois, comprovou-se a falsidade do plano
conspiratório, revelando que a sua real intenção era servir de justificativa para
Getúlio Vargas instalar um regime abusivo e anti-democrático no Brasil, com a
prisão de centenas de opositores políticos e com o banimento dos direitos
constitucionais.
Mutatis mutandis, assistimos no tempo presente à uma pantomima semelhante,
com o nítido intuito de impedir o movimento em prol da anistia aos envolvidos no
lamentável episódio de 08 de janeiro de 2023, PEC 70/2023, envolvendo no
processo o ex-presidente Jair Bolsonaro, impedindo de qualquer forma a sua
candidatura às eleições presidenciais de 2026.
Indubitavelmente devemos fazer uma análise crítica da utilização de narrativas
políticas para justificar ações autoritárias e a repressão de opositores, mormente
quando o país passa por uma singular situação de crise fiscal e econômica,
prevendo-se para os próximos meses o surgimento de transtornos políticos sem
precedentes. O Plano Cohen, mencionado, foi de fato um episódio emblemático
na história do Brasil, onde o engodo teve um papel crucial na consolidação da
tirania do Estado Novo sob o comando de Getúlio Vargas.
A suposta operação “Punhal Verde Amarelo” mais parece uma versão tupiniquim
da “Operação Walquíria”, cujo objetivo era matar Adolf Hitler e assumir o poder na
Alemanha em 1944. Entretanto, as conotações descabidas à continuidade de um
plano militar competente, que contivesse o mínimo de coerência estratégica,
transparece mais um artifício traquinas de ébrios conspiradores de botequim.
Em contextos modernos, a comparação com eventos contemporâneos, como os
protestos de 8 de janeiro de 2023, sugere que há uma continuidade na
manipulação de informações e na criação de narrativas para fins políticos. A
possibilidade de que ações legais e investigações sejam vistas como uma forma
de controle ou repressão contra um grupo político específico é um tema
recorrente nas democracias contemporâneas.
Essas situações revelam a fragilidade das instituições democráticas e a
necessidade de vigilância constante contra abusos de poder, além de enfatizarem
a importância de um debate público saudável e o respeito ao devido processo
legal. A história muitas vezes nos oferece lições sobre como a narrativa política
pode ser moldada e utilizada para justificar intervenções que ferem princípios
democráticos fundamentais, ainda mais quando um setor da imprensa é
cooptado pelo devaneio ideológico.
Esse tipo de análise é essencial para entender a dinâmica do poder e os riscos
associados à polarização política, que pode inibir o diálogo e levar a ações que
ameaçam a democracia. É importante que a sociedade brasileira reflita
criticamente sobre esses eventos para garantir que não se repitam os erros do
passado
O Plano Cohen atualizado. Por Foch Simão
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