Estudo segurança pública na qualidade de pesquisador criminal há pelo menos 35 anos e vou demonstrar em rápidas pinceladas o quanto de dinheiro o Brasil perde por ano por pura incompetência e omissão. Prepare-se que os valores são astronômicos.
A pirataria via comércio ilegal no Brasil gera prejuízo anual em impostos em torno de R$ 400 bilhões. Perdemos cerca de R$ 50 bilhões por ano com acidentes e mortes no trânsito, considerando-se custos relativos à perda de produção das vítimas e custos hospitalares. Já o roubo de cargas gerou prejuízo em 2023 na casa de R$ 1,2 bilhão para a terra brasilis. Estima-se que, por causa da corrução, perdemos anualmente R$ 100 bilhões. E quando o assunto é crime tributário, especialistas calculam que cerca de R$ 800 bilhões deixaram de ser arrecadados pelo Estado brasileiro ano passado. Gastamos 4 vezes mais com presídios do que com educação básica. Um preso custa, em média, mensalmente, R$ 1.8 mil aos cofres públicos. Para combatermos o crime, gastamos cerca de R$ 124.8 bilhões e as estatísticas policiais só aumentam. Essa conta não fecha! É nítido que estamos no caminho errado.
O Brasil tem cerca de 822 mil casos de estupros por ano, cerca de dois por minuto, sendo que apenas 4.2 % são registrados. Verdadeira tragédia, que acima de qualquer prejuízo financeiro, por suas consequências e combate, gera cicatrizes emocionais permanentes e extremamente dolorosas nas vítimas. Ainda poderia listar mais uma centena de crimes e buscar informações sobre os prejuízos gerados para nossa economia.
A verdade é uma só: nosso país não aprende com velhos erros e insiste nas mesmas fórmulas da época dos bondes que, sabidamente, não funcionam há muito tempo. Somos campeões mundiais em deixar abertas as torneiras das dores provocadas pela violência, que geram trilhões em prejuízos anuais, além de imenso sofrimento para a população.
Arrisco em dizer, que se o Brasil resolvesse parte das questões criminais, nossos problemas econômicos seriam sanados ou minorados como num passe de mágica e a taxa de desemprego, seguramente, seria a menor da nossa história. Sobrariam recursos financeiros para se investir em saúde, educação, saneamento básico e casas populares.
Portanto, infelizmente, o Brasil que queremos esbarra na inércia e ineficácia do poder público municipal, estadual e federal no trato com a principal preocupação do brasileiro atualmente, que é a insegurança pública.
JORGE LORDELLO