O mercado imobiliário brasileiro está enfrentando um ano de ajustes significativos, especialmente quando se trata de locação residencial. Em março de 2025, os contratos de aluguel com aniversário no mês deverão ser reajustados em 8,44%, com base na variação do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado). Esse percentual reflete o acumulado do índice entre fevereiro de 2024 e março de 2025, conforme divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O impacto desse aumento nos aluguéis será sentido de maneira considerável, especialmente para locatários que já enfrentam um cenário econômico instável, com alta inflação e taxas de juros elevadas. O 8,44% de reajuste, embora esperado, pode representar um desafio para muitas famílias, que já lidam com dificuldades financeiras devido aos altos custos de vida e ao encarecimento do crédito no mercado.
O IGP-M é um índice amplamente utilizado no mercado imobiliário para reajustes de aluguéis e contratos de locação, sendo calculado mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ele reflete a variação de preços de uma cesta de bens e serviços, englobando desde preços de matérias-primas até custos de produtos industriais.
O IGP-M tem três componentes principais: o IPC-M (Índice de Preços ao Consumidor), o IPA-M (Índice de Preços por Atacado) e o INCC-M (Índice Nacional de Custo da Construção). Cada um desses componentes representa uma fatia específica da economia brasileira e, juntos, eles proporcionam uma visão completa da variação de preços no país.
Para calcular o reajuste do aluguel, o IGP-M é utilizado como um fator de correção, refletindo a variação dos preços no período anterior. O cálculo é simples: o valor do aluguel é multiplicado pelo fator de correção, que para março de 2025 é 1,0844. No caso de um aluguel de R$ 2.000,00, o reajuste de 8,44% resultará em um novo valor de R$ 2.168,80 para o período seguinte.
Esse índice é amplamente utilizado por sua transparência e confiabilidade. O IGP-M é divulgado mensalmente pela FGV e é de fácil acompanhamento tanto para os locatários quanto para os locadores. Além disso, ele é divulgado antes mesmo do fechamento do mês de referência, facilitando o ajuste e proporcionando previsibilidade tanto para quem paga quanto para quem recebe o aluguel.
Além do impacto imediato sobre os aluguéis, esse aumento reforça a crescente dificuldade de acesso à moradia no Brasil. Muitos consumidores que antes conseguiam pagar aluguéis em áreas mais valorizadas agora se veem forçados a procurar alternativas em regiões periféricas, já que o aumento do custo da moradia acaba limitando suas opções.
A classe média tem sido a mais afetada por essas variações, já que, mesmo sem estar inserida nos programas habitacionais, como o Minha Casa Minha Vida, ela também enfrenta a escassez de opções acessíveis.
Essa realidade exige uma abordagem mais abrangente do governo e do setor privado para garantir que as políticas públicas, como o Minha Casa Minha Vida (MCMV), possam ser ampliadas e que alternativas mais acessíveis para o mercado de médio e alto padrão sejam encontradas.
O IGP-M, embora importante para o reajuste, deve ser acompanhado de soluções que favoreçam o acesso à moradia e protejam a capacidade de compra da população.
Na minha visão, em um mercado onde a inflação e a alta taxa de juros tornam o acesso à moradia mais difícil, é imprescindível que se encontrem alternativas para facilitar o acesso à casa própria e ao aluguel.
Devemos trabalhar em conjunto para encontrar soluções que atendam tanto às necessidades dos investidores quanto dos inquilinos, garantindo que o mercado imobiliário continue a crescer sem comprometer o poder de compra da população.
Além disso, as mudanças nas taxas de juros e a dificuldade de acesso ao crédito ampliam o impacto do reajuste. A alta nas taxas de juros tem um efeito direto no valor das parcelas de financiamento e nas condições de pagamento, tornando o mercado de locação a única solução para quem não consegue acessar o crédito imobiliário.
No entanto, esse mesmo cenário dificulta a busca por imóveis, pois o aumento nas taxas de juros também eleva os custos para os locadores, que repassam esse aumento ao aluguel.
Em minha opinião, o governo precisa revisar sua posição e agir com mais responsabilidade em relação ao uso do FGTS. Ao invés de seguir uma política de consumo imediato, o setor imobiliário precisa ser fortalecido com soluções de crédito acessíveis e o uso inteligente dos recursos do FGTS.
O setor da construção civil tem o potencial de gerar uma enorme quantidade de empregos e melhorar a qualidade de vida dos brasileiros, mas para isso é necessário um ambiente econômico estável e políticas públicas eficientes.
O mercado imobiliário de 2025 será marcado por ajustes significativos, e é hora de o setor se reinventar. A combinação de aumento nos custos e taxas de juros elevadas exige que os profissionais do setor, junto com o governo, criem soluções mais eficazes que atendam a todos os públicos, desde as faixas de baixa renda até a classe média, garantindo que o mercado continue acessível e sustentável.