Vivemos um tempo perigoso.
Onde os afetos viraram campo de batalha.
De um lado, o discurso do Redpill, que ensina homens a odiarem antes mesmo de serem amados.
Do outro, um feminismo distorcido, que permite que algumas mulheres se escondam atrás de dores que nunca viveram para destruir quem não as quis.
Esse não é um texto de neutralidade.
É um texto de responsabilidade.
Porque estamos criando duas gerações emocionalmente adoecidas, que se protegem com discursos radicais e se alimentam de ressentimento.
De um lado, homens endurecidos.
Do outro, mulheres vingativas.
Ambos feridos.
Ambos manipulados.
Ambos afastados da verdade.
Redpill: o que é, afinal?
O Redpill é um movimento que se apresenta como libertador.
Inspirado na metáfora do filme Matrix, propõe que os homens “acordem” para a suposta verdade sobre os relacionamentos e o papel das mulheres na sociedade. O que se vende, no fundo, é um manual para não amar, não confiar e não se envolver.
A lógica é simples e perigosa:
Mulheres são interesseiras, hipergâmicas, manipuladoras.
Amar é fraqueza.
Se relacionar é colocar-se em risco.
Casamento é armadilha.
A única forma de vencer o jogo é se tornar emocionalmente inacessível.
O que parece força, na verdade, é medo.
É homem com dor profunda, camuflada em arrogância.
Homens que nunca foram autorizados a sofrer agora se sentem validados por um discurso de endurecimento emocional.
Mas isso não é libertação. É congelamento psíquico.
É a negação da vulnerabilidade que torna qualquer afeto possível.
E quem lucra com isso?
É aqui que o cenário se torna ainda mais grave.
Porque por trás desses discursos, há uma indústria de “profissionais” que transformaram a dor em palco.
Homens com seguidores, autoridade e microfone.
Que se apresentam como mentores, coaches, terapeutas, mas que, em vez de cuidar, manipulam o sofrimento alheio.
São figuras que dizem “ensinar masculinidade”, mas o que fazem é alimentar paranoia.
Transformam frustração em revolta.
Chamam isso de despertar, mas na prática, estão instrumentalizando a dor para manter seus públicos emocionalmente dependentes.
Mas não são só homens.
Há também mulheres ocupando esse mesmo lugar de poder distorcido.
Influencers, palestrantes, “terapeutas do empoderamento”, que ao invés de orientar com ética, alimentam ressentimentos, reforçam narrativas falsas e incentivam outras mulheres a enxergar o afeto como fraqueza e o homem como inimigo.
Elas dizem que estão promovendo força, mas estão promovendo guerra.
Dizem que estão despertando consciências, mas estão distorcendo verdades para manter o feminismo como trincheira, não como ponte.
Esses profissionais homens e mulheres não querem curar. Querem engajamento.
Eles não estão preocupados com evolução emocional.
Estão preocupados em manter as feridas abertas o suficiente para gerar views, cursos, seguidores.
Eles não querem que ninguém se reconcilie com o afeto.
Querem que todos permaneçam em guerra. Porque a guerra vende.
Mas do outro lado… também há manipulação
Porque essa guerra afetiva não tem um lado só.
Sim, também existem mulheres que adoeceram no ego.
Mulheres que não viveram abuso real, que não foram vítimas de relacionamentos tóxicos, mas que, ao serem rejeitadas ou contrariadas, adotam um papel de vítima para ferir, acusar, manipular.
São mulheres que se apropriam do discurso feminista para tentar esmagar o outro.
Não por justiça, mas por vingança.
E isso também é violência.
Mentir sobre abuso é agredir duas vezes:
O homem que será injustamente acusado e
a mulher que verdadeiramente sofreu.
É desonesto. É cruel.
E precisa ser dito com clareza e coragem.
Feminismo não é licença para caluniar.
Empoderamento não é revanche emocional.
Os dois lados estão errando e ninguém quer falar disso
Ambos os discursos o Redpill e o feminismo distorcido nascem do mesmo lugar:
dor emocional não tratada, afeto não elaborado, ego machucado tentando sobreviver na base do grito.
O Redpill transforma o amor em ameaça.
O feminismo distorcido transforma o ego ferido em heroína de uma história inventada.
E o que deveria ser encontro, vira trincheira.
Estamos formando uma geração emocionalmente cética.
Homens que evitam amar por medo de cair em armadilhas.
Mulheres que transformam frustrações em narrativas de abuso.
Relações que já começam com desconfiança.
Afetos armados. Vínculos blindados.
Estamos transformando o medo em moral. E a mentira em bandeira.
O que estamos ensinando às novas gerações?
Estamos ensinando homens a não confiar e mulheres a manipular.
Estamos dizendo, sem dizer: “não se entregue”, “não confie”, “não ame”.
Estamos promovendo uma cultura de relações descartáveis, onde o vínculo é trocado por performance emocional.
Isso não é maturidade. Isso é sobrevivência emocional com prazo de validade.
Feminismo de verdade é diálogo.
Masculinidade saudável é afeto com estrutura.
Relacionamento de verdade é responsabilidade mútua e não território de vingança.
É sobre ética afetiva de ambos os lados
Não adianta criar movimentos que se dizem libertadores se, no fundo, promovem destruição.
Não adianta usar discursos terapêuticos ou militantes como forma de acobertar feridas que não foram tratadas.
Redpill não é cura.
Mentira travestida de empoderamento também não é justiça.
A verdade precisa voltar a ser suficiente.
A escuta precisa voltar a ser essencial.
A ética precisa voltar para os afetos.
Tem homem que não é abusador.
Tem mulher que não é vítima.
E tem muito profissional por aí que está mais interessado em views do que em cuidar de seres humanos.
Se não tratarmos a dor, ela se vingará por conta própria
Homens e mulheres precisam reaprender a se escutar.
A se responsabilizar emocionalmente.
A parar de usar o outro como palco de suas próprias feridas.
Ou a gente cura, ou a gente perpetua.
Porque enquanto o Redpill ensina a não amar, e o vitimismo ensina a manipular, o amor está sendo enterrado vivo.
E nesse funeral emocional, o que deveria ser elaborado vira espetáculo.
A dor que não encontra escuta, vira mercado.
A ferida que não é atravessada, vira conteúdo.
Estamos assistindo à transformação do sofrimento humano em moeda.
E quem lucra com isso não quer que ninguém se cure quer que todos permaneçam em guerra.
Enquanto homens continuam com medo de amar, e mulheres aprendem a usar o afeto como arma, o que temos é uma geração emocionalmente armada e afetivamente desnutrida.
A dor precisa ser nomeada. Precisa ser escutada. Precisa ser tratada.
Ou ela será instrumentalizada e transformada em discurso, em produto, em ideologia. Mas nunca em cura.