uita gente não sabe mas, boa parte dos clubes brasileiros, está com a corda no pescoço. Quase noventa por cento daqueles que atuam na Série A do Campeonato Brasileiro, já não sabem mais como pagar suas dívidas (até salários, prêmios e luvas estão atrasados). O mesmo acontece na Série B, onde oitenta por cento dos clubes estão na mesma situação. Uma situação tão insustentável, que o novo presidente da CBF, Samir Auad, resolveu criar o programa RSF – Regulamento de Sustentabilidade Financeira, que será debatido entre representantes dos clubes e da CBF, assim que o Mundial de Clubes terminar (dia 16 de julho). Auad até já garantiu que, em noventa dias, ele vai colocar esse projeto em prática (talvez em meados de outubro deste ano!). Tudo isso para que uma boa parte de nossos principais clubes não sejam obrigados a fechar suas portas. A idéia do presidente Samir Auad é moderna, atual e deve merecer todo o apoio dos dirigentes como dos torcedores dos clubes que representam. Auad já promete se reunir com os clubes após o final do Mundial de Clubes, auxiliado por Ricardo Luck Pearl, um de seus vice-presidentes, além de alguns convidados especiais, que darão a devida assessoria técnica aos todos os clubes que aceitarem adotar esse projeto à partir de sua aprovação.
Como disse acima, praticamente todos os clubes das Séries A e B estão enterrados em dívidas. Mas quatro deles, pelo menos por enquanto, se negam a participar da reunião proposta pelo presidente da CBF. Estou falando de Corinthians, que curiosamente é o clube que mais deve no futebol brasileiro (nada menos do que 2,3 bilhões de reais). Mirassol, Ceará e Vitória BA também se negaram a participar do encontro. Em compensação, todos os grandes clubes de São Paulo, inclusive o Palmeiras, vão participar, opinar e discutir o projeto até que ele seja aprovado. Também os dezesseis clubes da série B já confirmaram presença. Como disse acima, o Corinthians é o clube que mais deve. Logo depois dele, estão Atlético Mineiro com 1,4 bilhões de reais e Cruzeiro, de BH, com nada menos do que 981,1 milhões de saldo negativo. O São Paulo, segundo último levantamento, já chega perto de 1 bilhão de reais, que até já estava disposto a se transformar numa SAF, resolveu antes participar desta discussão do programa RFS, para só depois, decidir se vai ou não seguir esse caminho. O presidente do Tricolor paulista, Júlio Casares, já reconheceu que, com os atuais recursos que o São Paulo recebe, é impossível quitar seus débitos. Diante desta realidade, ele vai participar da reunião convocada pelo presidente da CBF e, se nada der certo, vai propor ao CD do São Paulo, que o clube se transforme numa SAF.
Sobre esse assunto, que é muito sério, eu já me pronunciei algumas vezes. Mas nesse momento, quando surge este projeto da CBF, minha opinião é a de que os clubes aceitem a proposta da CBF e passem a ser mais severos nas suas administrações. E que, ao contrário do que ocorre agora, nenhum clube, depois de adotar o projeto, deixe de cumprir detalhe por detalhe aquilo que ele sugere. Quem sabe, depois de um ou dois anos, vários desses clubes já estejam em condições de pagar suas dívidas e livres dos bilhões de reais que não conseguem pagar nesse momento. E mais. Há quem diga que clube de futebol não pode ir à falência. Pode sim. Se qualquer deles deixar a bola de neve continuar a crescer, chegará o momento em que a própria Justiça Comum vai exigir o fechamento de suas portas. Acho até que, na reunião que será realizada na CBF, seja discutida uma redução sensível nos salários e luvas pagos a boa parte dos jogadores dos grandes clubes. Não dá para continuar como está. E todo presidente de clube tem a obrigação de administrar seu clube dentro do orçamento aprovado pelo Conselho. Se não o fizer, precisa ser punido com o máximo de rigor. Até ficar preso durante um longo período que o faça lamentar para sempre o erro que cometeu.