Por trás de cada excesso, existe uma falta que, muitas vezes, não conseguimos nomear. Na psicanálise, entendemos que esses exageros recorrentes na nossa vida geralmente escondem necessidades profundas e não atendidas o vazio deixado por um pai ausente, um abraço que nunca chegou, ou o carinho que sempre faltou. Imagine alguém que cresceu com esse vazio, tentando preenchê-lo desesperadamente. Talvez se envolva em relações complicadas, buscando segurança e afeto; entregue-se ao trabalho exaustivo, esperando que o sucesso traga a validação que falta; ou busque alívio em drogas, bebidas alcoólicas e outros vícios, tentando anestesiar a dor que carrega.
Esses excessos são gritos silenciosos, pedindo ao mundo: “Enxerguem-me, me amem!”. Reconhecer essas fragilidades é o primeiro passo para uma jornada verdadeira de cura. Quando enfrentamos nossas feridas, abrimos espaço para preenchê-las com amor próprio e compaixão, transformando aquilo que antes era excesso em força e crescimento. Todo excesso, no fundo, revela uma falta.
O ciclo dos vícios torna essa dinâmica ainda mais intensa. O uso de drogas e álcool, por exemplo, surge muitas vezes como tentativa de preencher um vazio que só se aprofunda. O que parecia aliviar transforma-se em um ciclo de sofrimento, porque o que falta nunca é verdadeiramente atendido.
Um bom exercício para iniciar esse processo de reflexão é nos olharmos no espelho e perguntar: “Eu sou quem eu queria ou pensava ser? Eu estou onde gostaria de estar?”. Essas perguntas nos ajudam a enxergar com clareza o que está faltando em nós e nos direcionam para os ajustes que precisamos fazer. É um momento de honestidade que pode ser o ponto de partida para uma transformação verdadeira.
É aí que a terapia se torna essencial. Ela nos oferece um espaço seguro e acolhedor para investigar essas carências e entender a raiz dos nossos excessos. O autoconhecimento que a terapia proporciona nos ajuda a enfrentar nossos vazios e buscar formas mais saudáveis de preenchê-los. Aprendemos a construir uma tranquilidade interna que não depende de fatores externos. Conhecer a si mesmo é fundamental para alcançar uma verdadeira cura. Afinal, cuidar de nós mesmos é um gesto de amor que somente nós podemos fazer, e a terapia nos fornece as ferramentas necessárias para essa jornada.