O mercado imobiliário brasileiro teve um desempenho surpreendente em 2024, com um crescimento significativo no crédito imobiliário, conforme apontado pela Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). Esse aumento foi impulsionado pela maior oferta de financiamentos e pela forte demanda no setor, especialmente no segmento de imóveis residenciais. No entanto, as projeções para 2025 indicam uma desaceleração do ritmo de crescimento, com a elevação das taxas de juros, especialmente a Selic, que pode ter um impacto direto no volume de novos financiamentos.
O crescimento do crédito imobiliário em 2024 ocorreu em um cenário mais favorável, com taxas de juros mais baixas em comparação aos anos anteriores. A Abecip registrou um aumento expressivo no volume de financiamentos, particularmente no crédito destinado à casa própria. No entanto, em 2025, espera-se que esse ritmo diminua. A alta das taxas de juros, resultado da política monetária do Banco Central, tende a elevar o custo do crédito, o que pode restringir o acesso ao financiamento, impactando diretamente o mercado de imóveis. Além disso, com as taxas de juros mais altas, a capacidade de endividamento das famílias fica mais restrita, o que pode diminuir a demanda por novos financiamentos e aquecer a oferta de imóveis.
O impacto da alta da Selic sobre o crédito imobiliário é direto. O aumento das taxas de juros eleva o custo das parcelas do financiamento, tornando os imóveis mais caros e limitando a capacidade de compra de potenciais compradores. Isso pode resultar em uma desaceleração das transações imobiliárias e, consequentemente, reduzir o crescimento do mercado. Não apenas os consumidores serão afetados, mas também os investidores, que podem reavaliar suas estratégias de compra e venda diante da incerteza do cenário econômico.
Embora as projeções para 2025 mostrem um cenário de cautela, isso não significa que o mercado imobiliário vá entrar em recessão. Em minha opinião, o setor precisa se adaptar ao novo cenário econômico, que provavelmente será mais desafiador, mas também repleto de oportunidades. A adaptação pode envolver a diversificação de produtos oferecidos, como opções de financiamento mais flexíveis, o que pode ajudar a mitigar os impactos da alta dos juros. A tecnologia, por exemplo, pode ser uma aliada importante, já que as plataformas digitais de financiamento imobiliário têm se tornado cada vez mais populares, permitindo que as transações sejam mais ágeis e acessíveis para um público maior.
O mercado também deve buscar formas de minimizar o impacto da alta dos juros ao investir em soluções inovadoras, como alternativas de financiamento que envolvam parcerias com fintechs ou até soluções de financiamento coletivo. Essas alternativas podem viabilizar a aquisição de imóveis, especialmente para aqueles que buscam opções mais acessíveis, mas que enfrentam dificuldades com as taxas tradicionais de crédito.
Além disso, as incorporadoras e construtoras têm um papel fundamental na adaptação do mercado. Oferecer imóveis com preços mais acessíveis ou modelos de pagamento diferenciados pode se tornar uma estratégia vencedora, principalmente em tempos de juros altos. O foco em imóveis mais compactos, com preços ajustados à nova realidade econômica, pode ajudar a manter o mercado aquecido, mesmo com o aumento das taxas de juros.
A Abecip, sendo uma das principais entidades do setor, continua a monitorar as mudanças na política monetária e os impactos que isso tem sobre o crédito imobiliário. A entidade tem se dedicado a buscar soluções que incentivem o crédito sem comprometer a estabilidade financeira do mercado. As projeções para 2025 indicam um ano desafiador, mas que também oferece oportunidades para inovação e adaptação às novas condições econômicas.
Em resumo, embora 2024 tenha sido um ano de crescimento robusto para o crédito imobiliário, 2025 exigirá que o setor se ajuste às novas condições impostas pela alta das taxas de juros. O foco será adaptar-se a esse novo cenário de maneira estratégica, utilizando a inovação e criatividade para enfrentar os desafios. O momento exige cautela, mas também a capacidade de criar novas soluções que assegurem o acesso ao crédito, especialmente para aqueles que ainda almejam o sonho da casa própria. O mercado imobiliário brasileiro continuará a se expandir, mas de forma mais equilibrada e com um olhar atento às necessidades dos consumidores.