A morte do Presidente JK num acidente de carro na via Dutra, em agosto de 1976, está na pauta da história do Brasil, pelas circunstâncias em que ocorreu e todas as dúvidas e suspeitas que existem, ainda não respondidas até hoje.
Naquela ocasião, um laudo do Instituto Carlos Éboli do Rio de Janeiro, concluiu como acidente de trânsito, provocado pela batida do ônibus da Viação Cometa no Opala do Presidente.
Esse laudo foi eivado de falhas, de omissões e de conclusões equivocadas, e gerou uma grande reação quanto a sua confiabilidade.
Em 1996, o caso foi reaberto e reestudado, mas teve seu rumo baseado no mesmo laudo de 1976.
Em 2001 o Senado Federal fez uma CPI, presidida pelo Senador Paulo Otávio, que mais uma vez concluiu pelo acidente. E novamente essa investigação foi baseada em laudos e depoimentos oriundos do Instituto Carlos Éboli.
Em 2013, propus e presidi a Comissão da Verdade Vladimir Herzog, da Câmara Municipal de São Paulo, assessorado pelo escritor e repórter investigativo Ivo Patarra.
Dessa vez, fizemos uma ampla e profunda investigação dos fatos e das causas do acidente que vitimou JK.
Ouvimos dezenas de pessoas, fizemos muitas diligências e nos aprofundamos em todas as investigações anteriores.
Tivemos a ajuda de Serafim Jardim, secretário particular de Juscelino e de Carlos Heitor Cony, amigo pessoal de JK, entre muitas outras testemunhas e estudiosos do caso.
Baseados em investigação independente chegamos a 112 quesitos, expostos em nosso relatório da Comissão, que JK morreu em “acidente” provocado por fatores externos, que envolviam a política do regime militar da época. É preciso dizer que JK se colocava como candidato a Presidente no Colégio Eleitoral de 1978, com chances de ganhar.
Em 2014, mandamos nosso Relatório para a Comissão Nacional da Verdade, com o pedido de que se continuasse a investigação.
Qual foi a minha surpresa, quando a referida Comissão contradisse nossa conclusão, reafirmando que a morte de JK, foi um acidente de trânsito.
É preciso dizer que Brasília baseou essa conclusão no laudo do Instituto Carlos Éboli de 1976 e na CPI do Senado de 2001, que cometeu os mesmos erros.
Foi uma enorme decepção histórica!
Em 2019, o respeitado perito Sergio Ejzenberg conduziu um laudo de 220 páginas, a pedido de um Procurador Federal, concluindo taxativamente que a morte de JK NÃO foi provocada por um acidente, e sim por causas a serem esclarecidas.
Ao saber desse novo laudo, enviamos um ofício ao Ministério do Direitos Humanos e à Comissão de Mortos e Desaparecidos, solicitando o desarquivamento do caso JK, para novas investigações e conclusões. Esperamos que nosso pedido seja atendido.
Tendo em vista a imensa importância do Presidente Juscelino na história do Brasil e as circunstâncias suspeitas e nebulosas de sua morte, temos a obrigação de esclarecer, em nome da VERDADE, esse triste episódio de nosso país.