Introdução
A narrativa bíblica da queda de Lúcifer, o anjo mais prodigioso que se rebelou contra Deus e foi banido para reinar no inferno, representa uma metáfora poderosa sobre a luta entre o bem e o mal.
Segundo a tradição cristã, esta batalha eterna é um reflexo das escolhas morais e éticas que a humanidade enfrenta diariamente. Hoje, em meio a um panorama global marcado pela polarização e a ascensão de comportamentos autoritários, muitos observadores traçam paralelos entre a valorização do mal e os períodos mais sombrios da história, como a Alemanha nazista e a tirania napoleônica.
Este artigo explora essa comparação e reflete sobre os desafios contemporâneos, especialmente no contexto brasileiro.
A Queda de Lúcifer e a Dualidade do Bem e do Mal
Na Bíblia, a queda de Lúcifer é mencionada nos livros de Isaías (14:12-15) e Ezequiel (28:12-17), onde é descrita a arrogância de um ser exaltado que ousou se rebelar contra Deus. No Novo Testamento, Apocalipse (12:7-9) relata uma guerra celestial onde Miguel e seus anjos lutam contra o dragão, identificado como Satanás. Esta narrativa simboliza a constante luta entre forças opostas – o bem e o mal – e estabelece um marco teológico para a batalha moral que permeia a experiência humana.
Pecados Capitais e a Condenação ao Inferno
Os pecados capitais – gula, luxúria, avareza, preguiça, ira, inveja e soberba – são práticas que afastam a alma de Deus, segundo a tradição cristã. Aqueles que cometem esses pecados sem arrependimento enfrentam, teoricamente, a condenação eterna no inferno, onde seriam punidos revivendo os piores momentos de suas vidas na Terra. Esta visão reforça a importância de escolhas morais e a busca pela virtude como caminho para a salvação.
Paralelos Históricos e a Valorização do Mal
Comparar o momento atual do Brasil com períodos históricos como a Alemanha nazista, a tirania napoleônica ou os tempos dos bárbaros sugere uma preocupação profunda com o aumento de comportamentos autoritários e a perda de valores éticos. Durante esses períodos, a desumanização do “outro”, a glorificação da violência e a centralização do poder em figuras autoritárias levaram a grandes atrocidades e sofrimento.
Elementos Contribuintes para a Valorização do Mal na Atualidade
A percepção de que a sociedade está valorizando o mal pode ser atribuída a diversos fatores:
Polarização Política e Social: A crescente divisão entre grupos opostos pode levar à desumanização e justificativa de comportamentos extremos, onde adversários são vistos não apenas como oponentes, mas como inimigos a serem destruídos.
Desinformação e Fake News: A proliferação de notícias falsas manipula opiniões e cria um ambiente de desconfiança e hostilidade, exacerbando a polarização e minando a coesão social.
Cultura da Impunidade: A falta de punição adequada para crimes e corrupção encoraja comportamentos antiéticos, perpetuando a injustiça e a desigualdade.
Influência de Líderes Autoritários: Líderes carismáticos, mas autoritários, podem moldar a opinião pública e promover ideologias que favorecem a intolerância e a opressão, incentivando comportamentos contrários aos valores democráticos e humanitários.
Reflexão e Ação: Caminhos para um Futuro Melhor
Para enfrentar esses desafios, é crucial adotar medidas que promovam a educação, o diálogo e a responsabilidade social:
Educação e Conscientização: Investir em uma educação que enfatize valores éticos, empatia e pensamento crítico é fundamental para formar cidadãos conscientes e responsáveis.
Diálogo e Tolerância: Incentivar o diálogo aberto e respeitoso entre diferentes grupos e ideologias pode ajudar a construir pontes e diminuir a polarização.
Responsabilidade Social e Política: Tanto cidadãos quanto líderes devem assumir a responsabilidade por suas ações e trabalhar juntos para construir uma sociedade mais justa e equitativa.
Conclusão
A comparação do momento atual com períodos sombrios da história não deve ser vista apenas como uma crítica, mas como um alerta sobre os perigos de repetir erros do passado. Refletir sobre a valorização do mal na sociedade contemporânea à luz das narrativas bíblicas e históricas pode nos ajudar a entender melhor os desafios que enfrentamos e a buscar caminhos para um futuro mais harmonioso e ético.
A luta entre o bem e o mal, simbolizada pela queda de Lúcifer, continua sendo um lembrete poderoso da importância de nossas escolhas morais e da necessidade de resistir à tentação de glorificar o mal em qualquer de suas formas.
Walter Ciglioni – Graduado em jornalismo e Relações Públicas e Vice-Presidente da TV Aberta de São Paulo integrante na OABSP nas Comissões de CIDADANIA E FORMAÇÃO POLÍTICA, GOVERNANÇA E INTEGRIDADE e INFRAESTRUTURA, LOGÍSTICA E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, Pós-graduando em Gestão Pública pela Uni Drummond e em 2014 Candidato a Governador do Estado de São Paulo.