Tradicionalmente, “bandidos” eram pessoas que tinham cometido crimes ou viviam à margem da Lei, como ladrões, assaltantes ou membros de organizações criminosas.
Mas a (triste) realidade que nos cerca, nos últimos tempos, está alterando culturalmente esse conceito.
Bandidos ainda cometem crimes, ou criam narrativas relativizando-os, mas não mais vivem à margem da lei. São aceitos pela sociedade, como vítimas a serem protegidas ou até fazendo parte do “stablishment” legal.
Provavelmente isso aconteceu pelo questionamento e rejeição dos valores que edificavam a civilização humana.
Bandidos passaram a ser admirados como justiceiros ou até heróis, classificação que inclui figuras como Robin Hood ou mais próximos, como Lampião, Zumbi e Marighella. É o que caracteriza a “bandidolatria”, ou seja, a moderna prática de idolatrar bandidos.
Apenas um exemplo? Em junho passado, a ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (sim, juízes togados) convidou e ouviu o bandido condenado Gregório Antonio Fernandes em palestra sobre “proteção do vulnerável e direito antidiscriminatório”, representando a Comissão de Direitos Humanos da… OAB, quando fez ironias sobre o próprio Judiciário, atacou as Polícias, defendeu o “abolicionismo penal” (!) e a legalização de todas as drogas.
Liberado em audiência de custódia e respondendo em liberdade, com tempo até para ministrar essas palestras, Gregório havia, pouco antes, estuprado e assassinado um menino de 5 anos, com inimagináveis requintes de monstruosidade, socando a cabeça dele, introduzindo pedaço de madeira em seu ânus até causar hemorragia interna e fissurando com mordidas o pênis do menino.
Embora monstruosos, literalmente satânicos, casos como esse estão se tornando “aceitáveis” ou pelo menos impunes, e sua diversificação/multiplicação afetando toda a estrutura social e política, principalmente no sentido da seara do supremo poder, Brasília.
A bandidolatria (tolerância e admiração pelo crime) está descendo ao nível do Pragmatismo, algo próximo da decantada “lei de Gerson”, onde todos os fins e lascívias justificam os meios.
Não há mais princípios (estoicismo, nem pensar) e muito menos regras ou valores absolutos. Em palavras vulgares, em Brasília “quem pode mais, chora menos”.
Chegamos ao estágio da Bandidocracia, nos três poderes mancomunados.
E seguramente, dos três, o maior responsável é o poder original, onde tudo começa: o Legislativo.
Metade dos seus agentes, os mais talentosos para o crime e a dissimulação, agem e mandam; a outra metade, por covardia ou “apenas” por ganância, se omite. Ou seja, todos os seus 513 + 81 membros são os maiores culpados.
Exemplo atualíssimo? Atitude do ministro Flávio Dino (que incontestavelmente uma vestal, não é), bloqueando o pagamento dos 50 bilhões de reais em “emendas parlamentares” escusas, que os “parlamentares” (que atualmente o fazem somente nos bastidores da alcova) tentam receber sem dizer para quem e até para que…
Insatisfeitos e irritados com o ministro, mas cautelosos em não extravasar as verdades que permeiam, essa quadrilha ameaça transversalmente não aprovar o orçamento perdulário, paralisar toda a Casa a até tirar da mofada gaveta os justificados pedidos de “impeachment”. Mas tudo o que querem é negociar, mostrar seus dentes e rugir, jamais o saneamento do país.
Mas não se deve generalizar; deve existir algum ser humano honesto em Brasília. Todavia, somente Diógenes, o de Atenas, poderia encontrá-lo.
Ou, se lá houvesse pelo menos 10 justos, Deus atenderia ao pedido de Ló (Genesis 18:23-32).
Juízes singulares honestos e capazes ainda existem, mas recente levantamento mostrou que a bandidocracia há muito se preveniu: o Brasil é o país, em todo o planeta, com a maior quantidade de “autoridades” com fôro privilegiado: 58.660 (cinquenta e oito mil, seiscentos e sessenta pessoas), enquanto que em Portugal são apenas 3, na Alemanha apenas 1 e nos Estados Unidos, nenhuma pessoa tem fôro privilegiado.
Somos 212 milhões de otários.