Catullo da Paixão Cearense nascido em São Luís do Maranhão em 8 de outubro de 1863, entrou definitivamente para os anais da música brasileira ao trazer o violão das rodas de seresteiros para os conservatórios de música em 1908.
Aos 10 anos foi morar no sertão agreste do Ceará, onde ficou até os 17 anos, quando, então, mudou-se para o Rio de Janeiro.
Aí viveu despreocupadamente “todo enlevado nos cajueiros e pitangueiras de Copacabana entregue à boemia da época”, conforme ele mesmo afirmou várias vezes.
Só depois da morte do pai, ocorrida em 1885, é que se apercebeu de que a vida era coisa séria e o trabalho, uma necessidade.
Ficando sem recursos foi trabalhar no único emprego que conseguiu obter: estivador no cais do porto. Continuou, porém, a frequentar as rodas boemias e a cantar em festas de casas de famílias ricas.
Catullo da Paixão Cearense se tornou um compositor famoso e célebre poeta popular. Sua primeira modinha foi “Ao Luar”.
Sua presença cultural é tão importante na história da música brasileira deste período, que o escritor Lima Barreto chegou a criar o personagem Ricardo Coração dos Outros, um violonista compositor de modinhas e que é um dos coadjuvantes do clássico pré-modernista “Triste Fim de Policarpo Quaresma”.
O marechal Hermes da Fonseca, quando presidente da República, conhecendo a vida modesta do poeta o nomeou funcionário da Imprensa Nacional.
Do presidente Artur Bernardes, obteve o lugar de datilógrafo do Ministério da Viação, e de Getúlio Vargas, a aposentadoria nesse cargo, com vencimentos integrais.
Catullo da Paixão Cearense conheceu em vida prestígio nunca antes igualado por um autor do seu gênero.
Orgulhava-se de haver reabilitado o violão, seu companheiro inseparável durante toda a vida, e reformado a modinha.
Modinha é um gênero musical de canção sentimental brasileira e portuguesa, cultivada nos séculos XVIII e XIX.
Sua poesia é repleta de profundo amor à terra e ao povo brasileiro, e é transmitida de forma popular.
Deixa vários livros de poemas, dentre os quais: “Terra Caída”, “Poemas Bravios”, “Sertão em Flor” e outros.
A famosa modinha “Luar do Sertão” teve a letra composta por Catullo e a melodia por João Teixeira Guimarães, dito João Pernambuco. Segundo Pedro Lessa (1859-1921), jurista brasileiro, essa modinha é “O hino nacional do sertanejo brasileiro”.
No dia 5 de julho de 1908, Catullo revolucionou os padrões músicos-culturais da época, quando a convite do Maestro Alberto Nepomuceno, fez um recital de violão no templo da música erudita de tradição europeia: o sucesso foi geral e a plateia o aclamou. Até críticos desafetos lhe pediram desculpas.
Nesse momento, a modinha ganhou ares de civilidade, e suas riquezas melódico-harmônicas conquistaram o gosto da classe dominante.
Catullo faleceu no Rio de janeiro em 1946.
“A vibração no ar da respiração de Deus fala à alma dos homens. Música é a linguagem de Deus. Nós músicos estamos o mais perto que os homens podem estar de Deus. Nós escutamos a sua voz. Nós lemos os lábios dele. Nós damos à luz aos filhos de Deus. Contamos suas preces. Isso é o que os músicos são.”
Ludwig van Beethoven (1770-1827), compositor alemão.