A infância é um período de alegria, brincadeiras, construção e descontração. Estimular a prática esportiva desde cedo é sim algo importante e saudável mas, excessos podem trazer consequências importantes para a saúde das crianças e adolescentes.
Esta semana, um vídeo viralizou em todo o mundo, demonstrando um pai exigindo que seu filho de apenas 6 anos realizasse exercícios de forma agressiva e extenuante e ele acabou falecendo 2 semanas depois. Não entrando no mérito da questão da causa da morte até porque outras possibilidades estão sendo cogitadas , além da carga exagerada e de exercícios inapropriados para sua faixa etária, mas vale a pena uma pausa , uma reflexão e realizar a adequada orientação das sociedades acadêmicas, a respeito da pratica de exercícios na pediatria.
Na maioria dos países, as crianças estão cada vez se exercitando menos, tanto pelo desinteresse pela pratica de esportes físicos quanto por estarem ficando muito mais focadas em distrações eletrônicas em geral, sentadas horas a fio defronte do aparelho eletrônico e muitas vezes não se alimentando adequadamente.
Reflexo disso é o fato de que a incidência de obesidade infantil vem aumentando mundialmente, inclusive no Brasil. De acordo com a Agência Brasil, um estudo conduzido de 2001 a 2014 por pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Cidacs/Fiocruz Bahia), em colaboração com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a University College London, revelou que as crianças brasileiras estão cerca de 3% mais obesas.
Assim como de maneira estruturada estimular as crianças e adolescentes sem causar lesões ou até mesmo colocar a saúde dos pequenos em risco?
Devemos lembrar que o corpo da criança ainda está em transformação, que os músculos e ossos não estão devidamente formados e isso geralmente acontece após a maturação sexual até o iniciar da idade adulta.
Fraturas e lesões musculares nesta fase podem causar dores crônicas, deformidades permanentes e em casos graves morte.
Os adolescentes estão cada vez mais cedo em busca do corpo idealizado pelas redes sociais e acabam praticando exercícios sem supervisão ou com supervisão de um grupo de profissionais não especializados nesta população específica, realizando muitas vezes treinos e cargas adequadas para um adulto. O adolescente não é um adulto pequeno!
De acordo com o Manual de Atividades Físicas da SBP ) as orientações são feitas de acordo com a faixa etária:
Crianças de zero a dois anos devem ser incentivadas a serem ativas, mesmo por curtos períodos, várias vezes ao dia. As que conseguem andar sozinhas devem ser estimuladas fisicamente durante pelo menos 180 minutos, em ações que podem ser fracionadas ao longo de cada período. Vale fazê-los ficar em pé movendo-se, rolando, brincando, saltando, pulando ou correndo.
Mesmo bebês que ainda não começaram a se arrastar devem ser estimulados por seus cuidadores a alcançar objetos, segurar, puxar, empurrar e mover a cabeça, corpo e membros.
De três a cinco anos, a criança deve acumular pelos menos 180 minutos de atividades físicas de qualquer intensidade distribuídas ao longo do dia, incluindo atividades que desenvolvam a coordenação motora. Brincadeiras na água, andar de bicicleta e jogos de perseguição, com bola e bicicletas são as mais adequadas.
Crianças e adolescentes de seis a 19 anos devem realizar pelo menos 60 minutos diários de atividades físicas e intensidade moderada a vigorosa (com respiração acelerada e batimento cardíaco mais rápido). Segundo o Manual da SBP, as atividades intensas que ajudam no fortalecimento e desenvolvimento de músculos e ossos devem ser feitas pelo menos três vezes por semana.
Práticas esportivas, alimentação saudável, ambiente com segurança física e mental sempre com supervisão de especialistas e cuidadores devem ser estimulados e realizados visando o desenvolvimento do bem estar e a integridade da criança e do adolescente, com respeito e responsabilidade.