No início, tudo é cuidado e sedução. O casal se preocupa com a aparência, com o
cheiro, com a escolha da roupa para impressionar. Mas, com o passar dos anos,
esse zelo muitas vezes se perde. O que antes era desejo se transforma em rotina, e
a vaidade dá lugar ao descaso. A mulher passa a circular pela casa com a camiseta
larga de um político qualquer e o shorts de futebol do marido. O marido, por sua
vez, veste um short rasgado e uma camisa desbotada, sem se importar com a
própria imagem. E, na hora de dormir, parecem dois mendigos indo para a cama,
com roupas velhas e rasgadas, como se a atração fosse um detalhe irrelevante.
Quando a Comodidade Se Transforma em Desinteresse
É natural que, com o tempo, o casal fique mais confortável um com o outro. O
problema começa quando esse conforto vira desleixo. Pequenos hábitos são
abandonados: a mulher deixa de se depilar, o homem já não faz mais a barba com
frequência, os perfumes são esquecidos, e a aparência deixa de ser uma prioridade.
Ouço muitas mulheres dizendo: “Meu marido não me procura mais.” E, em tom
de brincadeira, pergunto: “Tu te esconde bem?” O que elas querem dizer é que o
marido perdeu o interesse sexual. Mas aí eu analiso e devolvo a questão:
Se você fosse um homem, sentiria desejo por essa mulher que está aí?
Essa mulher que só reclama de dor, que traz os problemas da família para o dia a
dia do casal, que não se cuida mais, que vai para a cama com uma camisola que
parece ter pegado emprestada da tataravó?
E quando a queixa vem do homem, dizendo que a mulher perdeu o interesse, a
pergunta é a mesma: Você está se portando como um homem de verdade? Ou é
aquele que só dá um beijo na mulher quando quer transar?
Muitos casais se perdem não por falta de amor, mas por falta de esforço. Se ambos
deixam de se cuidar, de se admirar e de se provocar, o desejo naturalmente se
apaga. Afinal, ninguém sente atração por alguém que age como um colega de
quarto, sem qualquer esforço para manter viva a conexão
Como Resgatar o Cuidado e a Conexão
Se o desleixo tomou conta da relação, sempre há tempo para mudar. Pequenos
gestos fazem diferença:
Trocar as roupas rasgadas por peças simples, mas bem cuidadas.
Reservar momentos para o casal, como um jantar especial ou uma noite diferente.
Cuidar da higiene pessoal e manter hábitos de autocuidado, como depilação e
barba bem feita.
Trazer de volta a sedução com elogios, toques inesperados e conversas picantes.
Lembre-se: o que faz um casal continuar sendo um casal é a intimidade. A relação
sexual, o desejo mútuo, o simples ato de deitarem juntos no sofá trocando carícias,
chamegos e beijos demorados tudo isso fortalece o vínculo e mantém a conexão
viva.
Quando essa troca se perde, a relação corre o risco de se tornar uma sociedade fria
e mecânica, onde dois sócios apenas dividem contas, afazeres e responsabilidades
dentro da mesma casa. O problema não é a rotina, mas a falta de interesse em
quebrá-la. O amor não morre de repente, ele se desgasta na ausência do toque, na
falta de palavras doces, no descuido com a própria imagem e no esquecimento
daquilo que um dia fez o coração acelerar.
Se o desejo esfriou, pergunte-se: estamos apenas coexistindo ou ainda sabemos
ser amantes? Se a resposta for a primeira opção, talvez seja hora de relembrar que
o casamento não é um ponto final na conquista, mas sim um compromisso de
continuá-la todos os dias.
E, se sentir que os esforços individuais não estão sendo suficientes, não hesite em
buscar ajuda profissional. A terapia de casal pode ser uma ferramenta valiosa para
resgatar a comunicação, a intimidade e o desejo que muitas vezes ficam
enfraquecidos pela rotina. Às vezes, um olhar externo e imparcial pode ajudar a
identificar os pontos de bloqueio e auxiliar ambos a reencontrarem o caminho da
reconexão. Afinal, quem ama, cuida e isso vale para os dois.
Pior ainda é aquele casal que se chama de pai e mãe após o nascimento dos filhos.
A relação de marido e mulher fica em segundo plano, e a figura dos pais se torna a
principal identidade, como se os papéis de parceiros fossem substituídos por
funções familiares. A paixão e a intimidade se perdem à medida que os filhos
ganham mais atenção, e o casamento, que antes era o alicerce da relação, começa
a ser visto como uma mera formalidade. Nesse cenário, é importante lembrar que a
saúde emocional do casal também impacta diretamente a vida familiar. Pais felizes
e conectados proporcionam um ambiente mais harmonioso para os filhos, e isso
inclui manter o desejo, a admiração e a cumplicidade vivas no casamento
O Desleixo no Casamento: Quando a Conquista Fica Para Trás. Por Bruna Gayoso

Formada em Terapia Holística e Terapia de Reprogramação Emocional, com 8 anos de experiência em atendimentos presenciais e online.
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