No dia 25 de Setembro foi o Dia Nacional do Rádio.
A data foi escolhida em comemoração ao aniversário de nascimento de Edgard Roquette-Pinto, médico, antropólogo e filantropo.
Quando as comemorações do centenário da Independência aconteceram em 1922, foi organizada no Rio uma exposição internacional. Os Estados Unidos, como participantes da Exposição, enviaram equipamentos e emitiram, na noite de sete de setembro de 1922, a primeira transmissão oficial de rádio do Brasil.
A apresentação foi aberta com a ópera “Il Guarany”, de Carlos Gomes. Em homenagem a esse fato, até hoje o programa “A Voz do Brasil” continua sendo aberto com essa peça sinfônica.
A exposição terminou e os americanos não levaram embora com eles os equipamentos. Roquette-Pinto, secretário da Academia Brasileira de Ciências, conversou com seu amigo Henrique Charles Morize, o presidente e fundador da Academia e, juntos, pediram a doação dos equipamentos encaixotados. Com esses equipamentos, Roquette-Pinto organizou, em 1923, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a primeira emissora do país, inaugurando assim a “Era do Rádio”.
Entretanto, não nos enganemos: a tecnologia nos fascina mas, mais tecnológicos em si nada representam.
Quem dá vida aos equipamentos são as pessoas. Por isso, não há rádio – nem jornal – sem jornalista. E quer na imprensa escrita, quer no rádio que veio depois, o aprendiz de jornalista é chamado de “foca”, inexperiente e tão desajeitado como uma delas quando fora d´água.
Meu amigo Antônio Carlos Cimino, grande jornalista, empresário e bom caráter, líder do segmento dos jornais de bairro de São Paulo, respeitadíssimo no meio, era assim. Mas um dia ele também foi jovem. E também foi “foca”.
Começou adolescente no “Diário de São Paulo”, uma das joias da coroa do império jornalístico dos Diário e Emissoras Associadas de Assis Chateubriand.
Ele chegou cedo ao prédio na Avenida Casper Libero e percebeu que algo não ia bem.
Em instantes, o patrão apareceu no corredor, em cadeira de rodas, e o chefe de redação veio correndo:- Doutor Assis, doutor Assis, uma emergência! O jornalista que escreve o horóscopo faltou!
Assis Chateaubriand nem se abalou.- Fala pro foca escrever.
O Cimino entrou em pânico:
- Doutor Assis, eu não entendo nada de horóscopo!
Assis Chateaubriand nem se abalou:
- Oh, foca, e você acha que alguém entende? Escreve qualquer coisa ai…..
E assim, no horóscopo do dia seguinte, Cimino, após haver consultado horóscopos de um mês inteiro, disse que a cor do dia era amarelo, o número da sorte era o 23 e os arianos deviam ficar espertos e de bico calado, sem comentar seus projetos financeiros com ninguém, porque algum invejoso poderia fazer o negócio gorar.
Se funcionou, o Cimino nunca soube. Mas, orgulhoso, anotou que o jornal não perdeu nenhum leitor por isso.