Uma declaração importante de um comunicador consagrado como Galvão Bueno, afirmando ser cliente dos planos de saúde da Amil há 40 anos, é um testemunho que agrega vários benefícios estratégicos para a Amil, especialmente em termos de credibilidade, confiança e posicionamento de marca.
Galvão Bueno é uma das vozes mais icônicas da televisão brasileira. Sua presença no anúncio automaticamente transfere essa autoridade e confiabilidade para a Amil, reforçando a ideia de que se trata de um plano sólido e confiável.
A declaração pública de Galvão Bueno, divulgada na capa dos principais jornais do país e em muitas emissoras de televisão, em horário nobre, de que ele é cliente há 40 anos, cria uma sensação de fidelidade e satisfação, sugerindo que a Amil presta um bom serviço a longo prazo.
Para um mercado onde a confiança é essencial, esse tipo de testemunho pode ser decisivo para atrair novos clientes, já que a declaração de Galvão Bueno sugere solidez e confiabilidade, algo fundamental que pode influenciar diretamente a decisão de compra do plano de saúde.
Foi com esse entendimento que notifiquei o CONAR – Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária – para submeter esse anúncio a uma verificação e certificação em um processo ético, onde será feita uma avaliação sobre uma possível violação ou não das regras de publicidade.
Caso seja constatada alguma irregularidade na peça publicitária, a Amil poderá receber uma advertência ou recomendação de alteração do material divulgado, podendo até sofrer suspensão do anúncio e reprovação pública. O CONAR não tem poder punitivo, mas a decisão pode levar a ações judiciais e sanções por órgãos como o Procon e o Ministério Público.
Em resumo, o maior impacto direto recai sobre a Amil, mas Galvão Bueno pode sofrer consequências legais e prejuízos em sua reputação por participar de uma possível propaganda enganosa.
O que chama a atenção no anúncio é realmente o tempo de permanência de Galvão Bueno como cliente desse plano de saúde da Amil: 40 anos. Galvão Bueno entrou na TV Globo em 1981 e ficou por lá até 1992. Em 1993, voltou para a emissora dos Marinho, onde permaneceu até 2024. Na primeira passagem, ficou 11 anos, e na segunda, 31 anos contratado da Rede Globo, totalizando 42 anos como funcionário.
A emissora do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, possui um dos mais completos planos de saúde do país, o do Bradesco. Altos executivos da Rede Globo e grandes personalidades artísticas, como Galvão Bueno, têm direito à categoria mais completa do plano de saúde do Bradesco, digamos, categoria master, a custo zero. A empresa arca com todas as despesas.
Supondo que Galvão Bueno nunca tenha optado por receber gratuitamente um dos melhores planos de saúde do país e tenha permanecido por 40 anos na Amil, pagando do seu próprio bolso, cabe, no entanto, uma pergunta: como Galvão teria se comportado diante das sucessivas crises da Amil a partir de 2010 e com a venda da empresa, em 2012, para o grupo americano UnitedHealth? Ele permaneceu na Amil?
Menos de dez anos depois, em 2021, a Amil registrou um prejuízo de R$ 990 milhões. Em 2022, o prejuízo subiu para R$ 1,6 bilhão, e, em 2023, chegou a R$ 2 bilhões. Jornalista bem-informado e muito bem relacionado, Galvão Bueno continuou pagando seu plano de saúde da Amil? Em nenhum momento optou pelo excelente plano de saúde do Bradesco, disponível gratuitamente na Rede Globo?
O que a Amil precisa demonstrar após esse anúncio milionário protagonizado por Galvão Bueno? Pelo menos o contrato de adesão de Galvão Bueno ao plano de saúde da Amil, com documentos assinados que demonstrem a contratação e eventuais renovações.
Seria conveniente também que a Amil apresentasse históricos de pagamentos, comprovantes de mensalidades ou registros financeiros que mostrem a continuidade do plano nesses 40 anos. Talvez boletos ou faturas que comprovem os pagamentos durante esses 480 meses em que Galvão Bueno teria quitado mensalmente seu plano de saúde.
O apresentador Galvão Bueno poderia facilitar as coisas para a Amil e apresentar carteirinhas antigas e atuais do plano de saúde da Amil ao longo desses 40 anos. Tudo isso é importante para que não ocorram questionamentos sobre a veracidade da afirmação contida na propaganda da Amil.
