Há pouco tempo choveu na Cidade de São Paulo, em 2 dias, o equivalente a 65% de toda chuva do mês de fevereiro.Todos viram o sofrimento de grande parte dos paulistanos, com as mortes, os adoecimentos e os imensos prejuízos materiais das pessoas que perderam tudo, e da municipalidade que arca com os estragos produzidos pelas chuvas.Já se vão décadas que o clima vem mudando, cada vez mais rápido, e mostrando uma cara agressiva com seus fenômenos extremos: secas intermináveis, chuvas violentas, queimadas, tornados, degelo, calor extremo e abrasivo.Afeta o abastecimento d’água, de eletricidade, impacta as cidades e a produção agrícola, destrói estradas, pontes e caminhos, e principalmente, traz enfermidades diversas, que produzem adoecimento e morte.A humanidade não tem agido à altura desse desafio ameaçador.Mas, existe uma classe de pessoas, importantíssima na sociedade, que se coloca, como categoria profissional, ainda mais alheia a essa realidade: os médicos.Pela própria natureza da profissão, que jura proteger a saúde das pessoas e respeitar os desígnios científicos, os médicos brasileiros, como categoria profissional, seguem alheios, mudos, irresponsavelmente por fora da saga das mudanças climáticas.É claro que muitas personalidades médicas, conhecidas e respeitadas, estão envolvidas profundamente no combate e prevenção às mudanças climáticas.Mas são pessoas, valorosas sim, que agem individualmente.Não vemos um movimento das Entidades Médicas, sobre a questão climática.Nem uma palavra. Nenhum debate ou orientação. Uma omissão irresponsável e idiotizada dessas instituições.Assim o CFM, os CRMs, a AMB e suas federadas, as sociedades de especialidade, com raras exceções, mantêm-se mudas, omissas, negacionistas, quase criminosamente alheias aos fenômenos climáticos que infernizam a vida dos seres humanos.Uma lástima!!!Milhões de pessoas adoecem pelo mundo afora com doenças surgidas ou potencializadas pelas mudanças climáticas.Ondas de calor matam, principalmente idosos, viroses as mais variadas, como dengue, febre amarela, covid, vírus respiratórios e tantos outros, são potencializados pelas condições climáticas, e espalham-se pelo Brasil e pelo mundo afora.Onde estão os representantes de nós médicos??Estão escondidos em guetos ideológicos, enquanto o problema se agrava.Em nome de nossos pacientes, em nome de muitos colegas médicos que estão na frente de batalha trabalhando, em nome da ciência, do bom senso, e do juramento de Hipócrates, conclamamos os líderes das Entidades Médicas do Brasil, a saírem de suas tocas ideológicas e negacionistas, e virem para a luz da realidade, cumprir seu papel na luta por um Planeta mais saudável.