Salomão Ésper viveu 95 anos bem-vividos com muita ternura, amizade e amor por todos ao seu redor. O conheci como ouvinte ainda nos meus tempos de menino e desde cedo passei a tê-lo como uma referência ao bom jornalismo. Depois fomos colegas na Rádio Bandeirantes. Moderado nos comentários e tido por muitos como conservador, Salomão para mim era o contraponto das reflexões políticas. Por isso sempre fiz questão de ouvi-lo. No dia a dia, ensinava coisas importantes para o aprimoramento de nosso trabalho e preocupado com a saúde de todos, guardava em uma gaveta de sua sala todos os tipos de comprimidos. Azia ou dor de cabeça? Procure o Salomão, sempre sorridente a nos atender. Um gentleman que sabia recitar poemas de Olavo Bilac, Drumond e de outros poetas, exalava charme diante dos microfones ao recitá-los no ar e lia com atenção as cartas dos ouvintes na “Hora do Café”, do Jornal Gente da Bandeirantes. Antes da emissora do Morumbi, passou pelas rádios América, Cruzeiro do Sul, Piratininga e comandou programas nas TVs Cultura e Bandeirantes. Nascido em Santa Rita do Passa Quatro (SP) mudou-se para a capital paulista com a finalidade de aprimorar seus estudos e tornar-se advogado. Aprovado em um concurso para locutor, junto com Cid Moreira, daqui nunca mais saiu. Amigo e orientador do então jovem José Paulo de Andrade, depois junto com ele, tornou possível dar continuidade ao horário dos comentários dos noticiosos no lugar do tradicional O Trabuco, de Vicente Leporace, após o falecimento deste, em 1978. Nascia o Jornal das Bandeirantes Gente, no ar até hoje. Quem conheceu Salomão Ésper com certeza teve o privilégio de ter por perto um ser humano notável, amigo sincero e o melhor; sempre de bom humor. Salomão Ésper dizia que adorava a velhice e acrescentava: “Pena que dura pouco”. Salomão foi embora, fica em nós a saudade.