O atentado na praça dos Três Poderes soou como uma bomba, literalmente. Trouxe novamente ao palco do debate o perigo que a jovem democracia brasileira corre quando a intolerância política se assenhora de uma parcela expressiva da sociedade.
O chaveiro Francisco Wanderley Luiz, vulgo “Tiu França”, praticou um atentado violento contra uma instituição de Estado e, até onde se sabe, cometeu uma imolação solitária em praça pública. Quem sabe tenha passado pela cabeça dele que seu gesto poderia render uma homenagem póstuma num improvável futuro regresso de Jair Messias Bolsonaro ao governo. Quem sabe também poderia vir a merecer o nome de uma rua em Rio do Sul, sua cidade de origem.
Tudo ainda é conjectura. As forças policiais estão investigando o que de fato aconteceu. Mas, uma coisa é certa: Fábio Wanderley não atuou somente pela sua cabeça que, sim, poderia estar debilitada em função de algum desarranjo emocional. Ele atuou movido por uma paixão embebida em ódio, traço comum a todos aqueles que veem no diferente um inimigo a ser eliminado.
O suicida da praça dos Três Poderes era um militante da extrema-direita. É preciso deixar isso bem claro. Suas redes sociais falam isso, sua candidatura malograda a um cargo de vereador pelo Partido Liberal, o mesmo de Bolsonaro, fala isso, o depoimento de seus familiares apontam nessa direção.
O fato de estar desorientado emocionalmente não justifica que se absolva o papel relevante que as mensagens de ódio promovidas, incentivadas e alardeadas pela extrema-direita brasileira desempenharam nesse ato de violência.
Algo de muito errado está acontecendo no Brasil e é preciso que a verdadeira união se dê, em primeiro lugar, em favor da tolerância e da democracia. Nesse carro cabem todos aqueles e aquelas que, independente de suas opiniões políticas, rejeitam o ódio como arma política. Como diz a canção, é preciso estar atento e forte porque episódios como esse vão se repetir caso não haja uma punição exemplar de que os comete. Sem anistia!