A palavra alteridade advém do vocábulo latino “alteritas”, que significa ser o outro, portanto, designa o exercício de se colocar no lugar do outro, de perceber o outro como uma pessoa singular e subjetiva.
Alteridade é reconhecer que existem pessoas e culturas singulares e subjetivas que pensam, agem e entendem o mundo de suas maneiras.
Uma sociedade justa, equilibrada, democrática e tolerante respeita a alteridade.
A alteridade reconhece a diferença existente na sociedade entre todos.
É fundamental na convivência social perceber o outro como outro, ou seja, existem seres fora de mim que não são como eu e que preciso respeitá-los.
Sem o reconhecimento da diferença individual entre todos na sociedade, a tolerância tão necessária não pode ocorrer.
O outro, também, tem uma individualidade, portanto, tem as próprias opiniões, desejos, vontades e experiências.
É interessante observar que o ego é a instância individual e a alteridade leva ao reconhecimento do coletivo.
Assim, a alteridade pode garantir coesão social e evitar a exploração de outros povos e a escravidão.
Na verdade, a alteridade evita o prejulgamento.
A desigualdade social é um mal que afeta o mundo, em especial, os países que ainda se encontram em vias de desenvolvimento.
A desigualdade social é um dos resultados da falta de alteridade no âmbito social.
A visão racista e etnocêntrica que vinculou o antigo conceito de raça à cultura não vai ao encontro do verdadeiro significado de alteridade.
Há uma necessidade de desvincular “raça” de cultura, como, tão bem, concluiu Franz Boas (1858-1942), geógrafo e antropólogo americano.
A cultura diferente da nossa não é inferior, basta mencionar a importante cultura indígena brasileira rejeitada pelo etnocentrismo.
Uma das consequências da falta de alteridade é, também, a xenofobia.
Alteridade e empatia são termos diferentes, ou seja, empatia refere-se à capacidade de colocar-se no lugar do outro, enquanto alteridade é a capacidade de reconhecer que o outro é daquele modo porque ele é, essencialmente, diferente do outro ser.
Enfim, a alteridade propõe um respeito ético ao outro como ser singular além do reconhecimento da diferença.
Alteridade é muito mais do que um conceito, deve ser uma prática.
Enfim, o “eu” deve conviver com os outros!
“É necessário sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós”.
José Saramago (1922-2010), escritor português.