Sabe-se que o parlamentarismo é o melhor sistema de governo idealizado pelo homem (nesse sentido, abrangendo também o gênero feminino, e outros eventuais gêneros). É o que supera mais rápido os traumas políticos e o que encontra as melhores soluções para os problemas sociais emergentes.
Nesse sistema existem, autonomamente, somente dois poderes: o Legislativo e o Judiciário, sendo que as funções executivas (orçamentárias e operacionais) cabem ao Gabinete (primeiro e demais ministros).
O governo se forma e se mantem quando os vários partidos e ideologias se unem para escolher o primeiro-ministro, que não tem mandato ou seja, atua enquanto durar a confiança do Legislativo nele.
No sistema presidencialista, como (infelizmente) o nosso, no Brasil, o povo vota e escolhe (em tese), por maioria absoluta, um dos candidatos para exercer o mandato como chefe do Poder Executivo.
Em comparação com o parlamentarismo, aí começam os problemas. Existem partidos e candidatos demais, exigindo dois turnos para que se obtenha a maioria absoluta. E campanhas eleitorais cada vez mais falsas e demagógicas, voltadas apenas para obter os votos necessários, sem compromisso com programas de governo. Nesse campo, há candidatos que se elegeram por prometerem baixar o preço da picanha…
E pior: conchavos políticos fizeram aprovar a possibilidade de reeleição dos mesmos, sempre para “concluir projetos sociais” e usando descaradamente a máquina pública, devidamente aparelhada e comprada nos primeiros anos.
O povo, ou a parte cívica que sobrou depois do funesto encarceiramento do 8 de janeiro, com medo das sombras ou completamente desmotivado, simplesmente não comparece mais às urnas, gerando uma compreensível abstenção que beira os 40% (afinal, a multa de R$3,51 por essa abstenção, custa metade de uma tarifa de ônibus).
A efetiva Educação do povo, nas escolas, que levaria ao discernimento político, não é desejada pelos partidos dominantes, pois com isso perderiam a dominação das “massas”.
Em paralelo a toda essa desgraça, nestes dias aconteceu mais uma eleição presidencial americana – um país presidencialista.
E ganhou exatamente o presidente defenestrado há 4 anos, sob alegados crimes e responsabilidades.
Naquele país, o entendimento prevalente (da Suprema Côrte) é de que os presidentes somente podem ser julgados e punidos por infrações a atos típicos do próprio mandato. Portanto, Trump se livrou, se recandidatou e foi sufragado por uma estrondosa maioria da população.
Trump tem defeitos, cotejados ao lado de suas virtudes ? Seguramente sim.
Sua adversária, Kamala, ao lado das virtudes dela, tinha defeitos ? Seguramente sim. Como explicar e entender o senso comum oculto naquela avançada cultura?
A verdade é que os americanos já entenderam que nenhum ser humano é infalível nem melhor do que outro, por mais diplomado ou experiente que seja.
E o grupo que o candidato representa, democratas ou republicanos, por um lado não são ideologicamente tão diferentes, e pelo outro lado, apesar disso, não se misturam.
Assim sendo, tanto faz se o novo mandatário é democrata ou republicano, se tem maioria ou não, nos parlamentos. É uma nação que tem princípios e leis que estão inculcados em seu âmago político e social, desde a sua fundação.
Lá não existem “interpretações” espúrias das regras, nem autoridades constitucionais que se julgam acima da própria Constituição.
Em outras palavras, qualquer grupo político que assuma o Poder, durante 4 ou até 8 anos, não conseguirá aparelhar o Estado aos seus interesses menores.
Por final, e para nossa reflexão: muito mais do que este ou aquele, rotulados de “esquerda” ou de “direita”, apesar do presidencialismo (parlamentarismo seria melhor), nenhum governo americano será totalitário.
O que garante isso, no oculto senso comum daquele povo, é a alternância no poder.