Assistimos presentemente a um impressionante progresso da Índia nos setores
econômico, tecnológico e mesmo social. Um país de grandes dimensões, diverso
em recursos naturais, porem com uma complexa trama social, envolvendo várias
etnias e credos religiosos, que por séculos compuseram uma miríade de
pequenos principados caracterizados por uma grande variedade de culturas,
línguas e religiões, com destaque para o hinduísmo e o islamismo.
Com um sexto da população do mundo, a Índia conseguiu se desenvolver
econômica e tecnologicamente a ponto de exportar produtos com alto valor
agregado e no curso da produção industrial, reduzir a pobreza.
Um questão se levanta para nós brasileiros. Porque o Brasil com território vasto
como o indiano, mas com maiores recursos e população muito menor que a Índia,
permanece subdesenvolvido, com uma produção industrial em declínio,
produção científica pífia e um problema social persistente, a ponto de gerar
instabilidade social crescente, permeada pela criminalidade organizada?
A Índia, após sua independência em 1947, adotou um modelo de planejamento
centralizado que permitiu um desenvolvimento estratégico de setores chave,
enquanto o Brasil passou por ciclos de instabilidade política e econômica, com
mudanças frequentes em políticas públicas que dificultaram um crescimento
consistente. Este fenômeno deletério do desenvolvimento brasileiro pode ser
atribuído ao golpe Republicano, que alçou ao poder uma corja de oportunistas,
representada por militares perjuros, políticos ambiciosos e fazendeiros
escravagistas que destruíram um regime razoavelmente democrático,
centralizador, progressista, probo e desenvolvimentista.
Enquanto o Brasil se tornou em um polo de oligarquias arrivistas, que usufruem
dos recursos naturais e da mão de obra humilde e intelectualmente limitada, as
oligarquias indianas investiram significativamente em educação, especialmente
em ciência e tecnologia, formando uma grande quantidade de profissionais
qualificados. Assim, o Brasil ainda enfrenta desafios consideráveis em seu
sistema educacional, como desigualdade de acesso e qualidade de ensino, o que
impacta sua capacidade de inovação.
Outrossim, o Brasil depende significativamente de commodities, o que deixa sua
economia vulnerável à flutuações de preços internacionais. Já a Índia diversificou
o seu perfil de exportação, substituindo-o por base industrial de alta tecnologia
que atualmente se destaca em setores como tecnologias de informação e
serviços, produtos farmacêuticos e químicos etc.
A Índia tem se tornado um polo de inovação e empreendedorismo, especialmente
no setor de tecnologia. A cultura empreendedora e as políticas de apoio à criação
de novas empresas de tecnologia “startup” têm gerado um ambiente favorável ao
crescimento de novos negócios. O Brasil, por sua vez, ainda enfrenta barreiras
burocráticas, excesso de exação e um ambiente de negócios desafiador que
atrapalha a criação de novas empresas.
Embora ambos os países enfrentem problemas sociais, a Índia conseguiu
implementar programas que ajudaram a reduzir a pobreza de forma significativa.
O Brasil, por sua vez, muito por um arraigada cultura de corrupção, ainda lida com
uma elevada desigualdade e uma base social frágil, o que gera tensão social,
criminalidade e instabilidade.
A governança e a corrupção são problemas graves em ambos os países, mas o
impacto no Brasil tem sido mais pronunciado em termos de confiança pública nas
instituições e na capacidade do governo de implementar políticas efetivas.
A diversidade social e cultural da Índia, incluindo a convivência de múltiplos
sistemas de valores e práticas religiosas, possibilitou um tipo de resiliência e
adaptação que, em muitos casos, parece ter contribuído para o desenvolvimento
do país. No Brasil, as divisões sociais e étnicas muitas vezes se traduzem em
conflitos e desagregação.
Essas considerações revelam que o desenvolvimento não é apenas uma questão
de recursos naturais ou tamanho territorial, mas envolve também a história,
políticas, estruturas sociais e culturais que moldam as oportunidades de cada
país.
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