Alexandre de Moraes e Paulo Gonet pressionaram menos Mauro Cid que os advogados de Jair Bolsonaro e de Braga Netto. Não pressionaram, na verdade. E é fácil explicar. Moraes e Gonet querem dar toda a força à delação de Mauro Cid, que é a espinha dorsal das acusações a Bolsonaro e cia., e os advogados fizeram de tudo para desacreditar a delação, apontando furos e contradições. O objetivo é anular a delação. É a única saída para amenizar a situação de Bolsonaro.
Mauro Cid suou frio sobretudo no confronto com o advogado de Braga Netto. Oliveira Lima, mais conhecido como Juca, fez uma pergunta crucial: “o senhor tem provas de que o general Braga Netto lhe entregou dinheiro dentro de uma caixa de vinho?”
“Não, senhor”, respondeu o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Era tudo o que Juca queria ouvir. A principal acusação contra seu cliente virou pó. A de que teria arrumado o dinheiro para a Operação Punhal Verde Amarelo, aquela que preconizava matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.
Mauro Cid vacilou demais. Não lembrou em que lugar do Palácio da Alvorada recebeu a muamba das mãos de Braga Netto (“talvez na garagem”), mas lembrou que a escondeu embaixo da sua mesa de trabalho “até o portador chegar”.
Villardi deu uma voadora logo de cara:
“O senhor conversou sobre a sua delação com outros investigados ou com jornalistas?”
Depois tentou desvincular seu cliente do 8/1. Com perguntas do tipo “alguma vez o presidente falou com o senhor sobre 8/1/?”
É claro que não.
Agora, o experiente Villardi pisou na bola. Mostrou um áudio no qual Mauro Cid, em conversa com um general, diz que apesar da pressão de empresários – Meyer Nigri, Luciano Hang, o dono do Côco Bambu, da Centauro – para Bolsonaro virar a mesa, isso não iria acontecer.
Até Alexandre de Moraes estranhou:
“O senhor quer abrir uma investigação?”, brincou. Porque esses empresários não estão no inquérito. Ainda.
Mauro Cid vacilou mais uma vez. Não se lembrava da conversa. Nem tinha certeza com quem foi. “Talvez com o general Freire Gomes”.
Mesmo sem estar presente, Freire Gomes foi a estrela do dia. Mauro Cid revelou um novo diálogo com ele, que não consta dos autos. Assim que ficou claro que o golpe não iria prosperar, Freire Gomes desabafou:
“De que valem vinte minutos de alegria e depois vinte anos de ditadura militar?”
Não vai entrar nos autos, mas certamente vai entrar para a história.
Alexandre de Moraes e Paulo Gonet pressionaram menos Mauro Cid que os advogados de Jair Bolsonaro e de Braga Netto. Não pressionaram, na verdade. E é fácil explicar. Moraes e Gonet querem dar toda a força à delação de Mauro Cid, que é a espinha dorsal das acusações a Bolsonaro e cia., e os advogados fizeram de tudo para desacreditar a delação, apontando furos e contradições. O objetivo é anular a delação. É a única saída para amenizar a situação de Bolsonaro.
Mauro Cid suou frio sobretudo no confronto com o advogado de Braga Netto. Oliveira Lima, mais conhecido como Juca, fez uma pergunta crucial: “o senhor tem provas de que o general Braga Netto lhe entregou dinheiro dentro de uma caixa de vinho?”
“Não, senhor”, respondeu o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Era tudo o que Juca queria ouvir. A principal acusação contra seu cliente virou pó. A de que teria arrumado o dinheiro para a Operação Punhal Verde Amarelo, aquela que preconizava matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.
Mauro Cid vacilou demais. Não lembrou em que lugar do Palácio da Alvorada recebeu a muamba das mãos de Braga Netto (“talvez na garagem”), mas lembrou que a escondeu embaixo da sua mesa de trabalho “até o portador chegar”.
Villardi deu uma voadora logo de cara:
“O senhor conversou sobre a sua delação com outros investigados ou com jornalistas?”
Depois tentou desvincular seu cliente do 8/1. Com perguntas do tipo “alguma vez o presidente falou com o senhor sobre 8/1/?”
É claro que não.
Agora, o experiente Villardi pisou na bola. Mostrou um áudio no qual Mauro Cid, em conversa com um general, diz que apesar da pressão de empresários – Meyer Nigri, Luciano Hang, o dono do Côco Bambu, da Centauro – para Bolsonaro virar a mesa, isso não iria acontecer.
Até Alexandre de Moraes estranhou:
“O senhor quer abrir uma investigação?”, brincou. Porque esses empresários não estão no inquérito. Ainda.
Mauro Cid vacilou mais uma vez. Não se lembrava da conversa. Nem tinha certeza com quem foi. “Talvez com o general Freire Gomes”.
Mesmo sem estar presente, Freire Gomes foi a estrela do dia. Mauro Cid revelou um novo diálogo com ele, que não consta dos autos. Assim que ficou claro que o golpe não iria prosperar, Freire Gomes desabafou:
“De que valem vinte minutos de alegria e depois vinte anos de ditadura militar?”
Não vai entrar nos autos, mas certamente vai entrar para a história.