Já se foi o tempo, saudoso tempo, em que o torcedor, orgulhoso, batia no peito e exclamava:
– Podemos formar três seleções para disputar a Copa Mundo!
Claro exagero do torcedor. Mas, era, sim, possível ter dois times fortes: o titular e o reserva.
Nos dias de hoje, nós nem sabemos qual é o time titular.
E não venha colocar a culpa na falta de um bom técnico.
O problema está na raiz: falta mão de obra qualificada.
Há poucos dias, a Fifa divulgou que, pela sexta vez, Lionel Messi foi eleito o melhor do mundo. E é um colégio eleitoral vasto. Participam ex-jogadores, capitães das equipes nacionais e o público através da internete.
Kaká, ex-São Paulo, foi o representante brasileiro no colégio eleitoral.
Aliás, ele é o último jogador brasileiro eleito como melhor do Mundo, quando jogava na Itália, em 2007.
Também receberam o título: Romário (1994), Ronaldo (1996, 1997 e 2002), Rivaldo (1999) e Ronaldinho Gaúcho (2005).
De lá para cá, bulhufas. Apenas chupamos o dedo e aplaudimos os estrangeiros escolhidos.
O mesmo se dá com a Copa do Mundo.
Vencemos em 2002, aquela Copa dividida entre o Japão e a Coreia, quando Ronaldo ainda era o Fenômenos e marcou 8 gols.
Após essa conquista espetacular, disputamos cinco Copas e nada.
Entre elas, a de 2014, disputada aqui no Brasil, quando sofremos nossa humilhação maior: os 7 a 1 com os quais a Alemanha nos despachou em pleno Mineirão!
Vai ser difícil esquecer isso.
Foi-se o tempo de revelações a todo ano: Robinho, Kaká, Neymar, Davi Luiz – a lista não é muito extensa.
Hoje, o torcedor não se encanta com a Seleção.
O técnico do momento apresenta uma convocação e o torcedor não conhece metade daqueles jogadores.
Quase todos são titulares nos times que que defendem, mas, nem todos estão em times de primeira linha do futebol mundial.
O resultado dessa triste realidade é que já não somos tão respeitados nem mesmo no quintal de casa, a América do Sul.
Estamos disputando as Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026.
Pasmem! Entre 10 países, o Brasil é apenas o sexto colocado. Ocupamos hoje o lugar daqueles times que, ao nos enfrentar, eram moleza. Favas contadas. Goleadas à vista. Hoje, somos nós que estamos lá.
Dorival Jr. é o atual técnico da Seleção Brasileira.
Ainda não pôde fazer nenhuma convocação, o que só deverá acontecer no mês de março, para dois amistosos, na Inglaterra e Espanha.
Gostei do discurso do técnico Dorival Jr., quando ele disse que precisamos resgatar o amor do torcedor pela camisa da Seleção Brasileira.
Sem dúvida alguma, esse vai ser o maior e mais pesado trabalho a ser enfrentado pelo novo técnico.
Como amar um time formado por jogadores que, parece, não amam o que estão fazendo?
Jogadores envolvidos em escândalos, às voltas com compras de iates, carros de luxo, adereços caros como aquelas correntinhas de pescoço grossas bem ao gosto dos bicheiros de antigamente.
Dorival Jr. é um técnico sério, distante das badalações, das ostentações e, como grande vantagem, tem enorme capacidade para ter o vestiário nas mãos.
Isso que dizer, a princípio, que ele tem a seriedade necessária e bastante para domar os egos reinantes no nosso futebol.
O futebol em si, vem por força da gravidade.