Atemorizado e impotente o mundo acompanha, neste primeiro
quartel do século 21, agressão covarde e assassina da Federação Russa,
comandada pelo sanguinário criminoso Vladimir Putin, contra a heroica e
indomável Ucrania liderada por Volodymir Zelensky
A desigualdade de forças é gigantesca. O enorme território
russo, de 17.098.246 km2, o faz o maior do mundo e impossível de ser
ocupado e derrotado, conforme aprenderam Napoleão Bonaparte e Adolf
Hitler em duas sangrentas campanhas militares. A população, segundo os
últimos levantamentos, seria de 145 milhões. Inesgotáveis são os recursos
humanos e naturais. Além da aviação e de artilharia de longo alcance,
dispõe de misseis de última geração, do arsenal atômico e do apoio do
bloco comunista.
Quanto à Ucrânia, sua área é de 603.700 km2, pouco superior
à do estado de Minas Gerais, e a população de 37, 73 milhões, inferior,
portanto, à do estado de São Paulo. Faz fronteiras com a Rússia, a
Bielorrússia, Polônia, Eslováquia, Hungria, Romênia e Moldávia, além de
ter litoral com o mar de Azov e o mar Negro.
Após a segunda guerra mundial, quando esteve ocupada pela
Alemanha nazista, tornou-se país satélite da URSS – União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas. A dissolução da URSS em 25 de dezembro de 1991,
conhecida como Perestroika, por iniciativa de Mikhail Gorbachev,
devolveu a independência a 15 países satélites, entre os quais a Ucrânia.
Vladimir Putin deve acalentar o sonho da reconstrução da
URSS, como potência militar. A reincorporação da Ucrânia está entre os
seus projetos, cuja execução foi iniciada com a invasão em fevereiro de
2022, sem declaração de guerra. “A política é, em certo sentido, sempre
política de poder”, escreveu o historiador britânico Edward H. Carrr (1892-
1992). Dele, também, a observação “A suprema importância do
instrumento militar repousa no fato de que a ‘última ratio’ do poder, nas
relações internacionais, é a guerra” (Vinte Anos de Crise: 1919-1939,
Editora Universidade de Brasília, Brasília, DF, 1981, pág. 110).
Ao invadir a Ucrânia com os seus blindados, Vladimir Putin
deveria imaginar que a guerra não passaria de mero exercício militar e a
vitória fulminante. Não foi o que aconteceu. As forças armadas ucranianas
superaram a inferioridade em homens e armas com exemplos admiráveis de
inteligência e coragem. Para se opor à Rússia foi necessário, contudo,
receber ajuda de países democráticos, como Polônia, Alemanha, França e
Estados Unidos.
A vitória de Donald Trump, entretanto, alterou de maneira
radical o cenário político e militar internacional. De maneira indigna e
surpreendente, Trump interfere no conflito, ignora as resoluções da
Organização das Nações Unidas – ONU, determina a interrupção de toda a
assistência às forças armadas ucranianas, hostiliza, humilha e ofende o
presidente Zelensky, e propõe acordo de paz em separado com Putin, com a
entrega definitiva da Criméia e de territórios ocupados.
Não podemos nos esquecer de que entre Moscou e Kiev a
distância em linha reta é de apenas 756,42 km, e de que Putin, obediente ao
ensinamento de Josef Stalin, cumpre os tratados assinados, desde, porém,
que lhe convenha.
Admito a irrelevância desta manifestação individual de repulsa
ao presidente Donald Trump, político sem caráter e sem princípios. Será
lida por poucas pessoas. Democrata por convicção, e adversário dos
crápulas, não posso, contudo, deixar de fazê-la.