Parron, f.p onde você está? Que rainha Elizabeth é essa que você está vendo a sua frente?” Tenho os gritos do meu saudoso diretor Fernando Vieira de Mello reverberando em meus ouvidos desde 1968. A rainha da Inglaterra tinha vindo ao Brasil e do seu roteiro constava uma visita a um haras na região de Campinas. Ditadura militar, imposição de limites absurdos a atuação da imprensa, portanto nenhuma credencial fornecida para aquela visita. Meu querido operador de externa, Natal Baldini, uma semana antes esteve na região e conseguiu autorização de um sitiante vizinho e lá me encarapitei no alto de uma árvore, munido de um binóculo desses vendidos em bancas de camelôs que não aproximam, só distorcem, e, de lá, com fios telefônicos esticados pela pastagem afora transmiti a visita de Sua Alteza ao haras de remonta em Campinas. Exagerei, não deveria, ao descrever, inclusive, detalhes do tailleur que Elizabeth usava. Ela estava a uns dois quilômetros de distância e a irresponsabilidade de minha narrativa a aproximou a cerca de 30 ou 40 metros do nosso local. O delegado Sérgio Paranhos Fleury, encarregado da segurança da comitiva da rainha, depois de um pito em regra do governador Sodré ligou para meu chefe Fernando querendo saber onde eu me encontrava e como tinha varado o bloqueio. Ao procurar hoje o meu título de eleitor encontrei esse registro dos tempos de um rádio que morreu, e faz tempo. Talvez tenha morrido tarde demais!