Sempre repetimos que nunca colocaremos a mão no fogo por alguém, e que nunca confiaremos totalmente em alguém, mas quando menos se espera, já confiamos.
Quando as decepções surgem, o coração já está partido.
Por isso, entregar-se de corpo e alma e jurar que tal pessoa é completamente confiável, é negar a realidade difícil em que vivemos na qual há diferenças de conduta entre os seres humanos.
Na verdade, não devemos pôr a mão no fogo por ninguém, nem por nós mesmos, pois as tentações existem a cada instante na vida.
Confiar com maturidade emocional e psíquica é admitir que o outro tem virtudes e defeitos.
É saudável tentar não ter muitas expectativas em relação a ninguém para evitar aborrecimentos de toda ordem.
Porém, esperar menos em relação ao outro é uma conduta muito difícil de acionar, pois é necessário que o indivíduo esteja num estágio de maturidade avançado.
“Viver é negócio muito perigoso”, afirma Riobaldo de forma repetida no romance Grande Sertão: Veredas, obra monumental de João Guimarães Rosa (1908-1967).
Confiar em alguém de olhos fechados é uma atitude ingênua, pois essa conduta nega a essência do ser humano que está em constante transformação.
É importante confiar em quem merece, mas nunca colocar a mão no fogo por alguém e nem por nós mesmos.
Em Mateus 26:41 foi dito: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca”.
É bom ter convicção dos desejos para evitar as tentações deste mundo quando for necessário.
A confiança é um bem precioso e um tesouro porque é a parte mais linda de uma amizade e cria um vínculo forte.
Para haver intimidade entre as pessoas é essencial a confiança.
Porém, confiar em todo mundo é uma insensatez, mas não confiar em ninguém é ausência de delicadeza de sentimentos.
Confiar com prudência, não colocar a mão no fogo por ninguém e nem por você mesmo, é uma atitude repleta de sabedoria.
Enfim, não é para viver na defensiva, é para viver com harmonia na sociedade, consciente das diferenças de princípios e ética existentes entre as pessoas.
“A confiança é ato de fé, e essa dispensa raciocínio.”
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), poeta, contista e cronista brasileiro.