“Quem não estiver confuso, não está bem informado”.
Eu vi a cadeirada no debate. No ato!
Me lembrou uma chanchada mexicana, com todo o respeito ao humor do Chaves.
Apesar de inusitada, essa cadeirada do Datena no Marçal não é um fato isolado.
A disputa política e social no Brasil sempre foi repleta de comédia e de agressividade.
As vezes com cenas circenses de humor, as vezes com assassinatos, torturas e atentados cruéis.
Lembrem-se da eleição a vereador do Cacareco, o rinoceronte, em São Paulo. Do Macaco Simão no Rio de Janeiro, do Tiririca em São Paulo e muitos outros.
Recordem-se dos atos violentos na política, dos coronéis no Nordeste da Ditadura Militar, do crime organizado nas periferias das grandes cidades, dos atentados contra Lacerda, do assassinato do Chico Mendes, do Celso Daniel, da facada no Bolsonaro, até chegar na icônica cadeirada.
Só para citar uns poucos exemplos.
Brigas, agressões, ameaças de morte, se contam aos milhares.
Eu mesmo sofri 14 ameaças de morte, por parte do crime organizado, e de agentes políticos quando denunciei a devastação criminosa das matas dos mananciais de São Paulo.
Assim, de comédia em comédia, de tragédia em tragédia, a política brasileira vem seguindo, entre altos e baixos até agora.
Nos dias de hoje a confusão aumentou!
Com a falência das ideologias e o advento da internet e das redes sociais, o modelo de se fazer política virou do avesso.
Aliado com a incapacidade da política de atender as necessidades básicas do povo, a comunicação da sociedade se transformou num pandemônio.
A alienação, a indignação, e a participação popular se misturam num grande caldeirão de personagens e ideias, que confluem junto com o mar de fatos e notícias, e com a democratização e acesso à informação, as redes fizeram a liberação dos anjos e demônios que cada pessoa traz dentro de si.
Emerge um misto de descrença e revolta e trazem à tona todo ceticismo e a desesperança que habita a alma do nosso povo.
As propostas político-eleitorais se igualam, as mentiras e fake news se misturam, a degradação moral se apresenta naturalizada, e a agressividade toma dimensões gigantes.
A cadeirada é só uma cena desse teatro do absurdo que virou a tragicomédia em nosso país.
E a vida continua, e cada vez mais difícil.
Nossa Democracia, chafurdando num mar de desigualdade social e de corrupção explícita, não consegue responder aos anseios populares.
Todo tipo de aventureiros da barbárie e de populistas demagógicos e fisiológicos põem sua cara feia pra fora com suas mutretas históricas, se atacando numa polarização tóxica e nefasta, que as vezes extrapola para uma cadeirada.
É uma fase difícil do Brasil, e o poço parece não ter fundo.
Mas com certeza vai passar.
O foco a ser seguido é força na Democracia, desenvolver a economia com respeito ao meio ambiente, maior equidade social com distribuição de renda e cobrança radical de moralidade pública.
Sempre mobilizando e organizando a população em torno desses princípios.