Um dos papas globais da Publicidade, o britânico David Ogilvy, sabia como ninguém cativar e atrair clientes para sua agência, a Ogilvy & Matter. Em décadas de atividade, criou uma rede mundial de comunicação das mais respeitadas. Ao falecer, em 1999, num castelo na França, deixou vasta literatura sobre a atividade que, mesmo com todo o avanço da tecnologia, ainda se presta para ensinar o caminho das pedras para fazer a atividade gerar resultados para anunciantes e empresas de comunicação.
Em seus livros, Ogilvy preconizou ou sugeriu métodos para agências conquistarem e manterem seus clientes satisfeitos. Isso, à custa do talento, dedicação e, sobretudo, da inteligência, fatores que nenhuma máquina de tecnologia mais avançada conseguiu (ainda) substituir. Uma das suas lições era fazer uso da própria publicidade para atrair e fazer seus negócios crescerem. Essa estratégia, quase esquecida hoje em dia, era desejada por anunciantes em todo o mundo. Uma de suas ferramentas se baseava na pesquisa publicitária especialmente aplicada aos seus clientes e com análise de resultados.
O britânico respirava comunicação 24 horas por dia. Ele aproveitava para elaborar anúncios, boletins e folhetos descrevendo as pesquisas. Ogilvy fazia desse material uma eficiente peça promocional. Trabalhava também em pesquisa de comportamento, que se transformava em boletins mensais. Seus resultados traçavam perfis de consumidores e as possíveis estratégias a serem desenvolvidas para atingi-los. Era imbatível. Durante algum tempo, as agências norte-americanas se inspiraram em Ogilvy para ampliar suas áreas de influência em busca de clientes.
Os veículos de comunicação especializados do chamado “trade”, isto é, de comunicação entre agências, passaram a receber reforço de campanhas publicitárias criadas pelas próprias agências, destacando suas expertises. Há pouca literatura sobre essa fase bem-sucedida dos chamados veículos impressos do “trade”. Atualmente, e transportando essa ambientação para o Brasil, o que observamos é um deserto de ideias e ações. Agências não fazem suas próprias publicidades – não falam sobre seus feitos como deveriam; não cacarejam como galinhas quando botam ovos.
Tanto é que os poucos veículos de comunicação sobre publicidade brasileira estão fenecendo a cada mês. Dos poucos ainda existentes, sobrevivem a duras penas. Quase não há mais anúncios das próprias agências. Sua grande maioria migrou para as telinhas digitais. O que diria David Ogilvy, se vivo fosse, sobre essa nova situação?