Bolsonaro passou todo o seu mandato com uma ideia fixa: as urnas eletrônicas são controladas por Lula. E estão programadas por seus amigos do TSE para ele sempre ganhar. Foi uma marca do seu governo. Ninguém tira isso dele. E depois dizem que ele não fez nada em quatro anos.
Nos últimos meses antes da sua tentativa de reeleição, a ideia fixa virou obsessão e ele passou a pedir ajuda a todos, seja o presidente do seu partido, o general do ministério da Defesa e até embaixadores. Pediu socorro a Deus e ao mundo contra as urnas eletrônicas. Só o voto impresso o salvaria.
Alguns até tentaram ajudá-lo, redigindo as famosas minutas do golpe, e participando de reuniões clandestinas, mas outros puseram tudo a perder, como o notório ajudante-de-ordens Mauro Cid, que fazia questão de deixar tudo gravado em seu celular, certamente com a melhor das intenções, convencido de que aquilo entraria para a história do Brasil como um episódio heróico e patriótico.
Acho que ele foi mais um atrapalhante-de-ordens.
O resultado, a vitória de Lula, Bolsonaro não viu como derrota e sim como vitória da sua tese de que as urnas conspiravam a favor de seu adversário.
Fechou-se, então, no palácio, empenhado em reunir as Forças Armadas para impedir a posse daquele que foi eleito pelas urnas, não pelo povo – como ele via o resultado, em seu delírio.
De mal com as urnas, jamais reconheceu o que elas indicaram, não cumprimentou o vitorioso, não passou a faixa presidencial e, estranhamente, voou para os Estados Unidos na véspera da posse do novo presidente.
Agora que está inelegível até 2030, insiste em disputar a presidência já em 2026 .
Como as urnas de 2026 serão as mesmas de 2022, ou está disposto a perder novamente, ou reconhece que as urnas não são controladas por Lula e seus amigos do TSE.
É uma forma de reconhecer a vitória de Lula, ainda que indireta e tardiamente.
De qualquer modo, até os condôminos do Vivendas da Barra sabem que ele nunca mais será candidato a nada, a não ser a ser preso.
Até que enfim Bolsonaro reconhece vitória de Lula. Por Alex Solnik
Jornalista
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