O mercado imobiliário brasileiro encerrou 2024 com um desempenho mais robusto do que o esperado, mas as perspectivas para 2025 indicam um cenário mais desafiador. De acordo com a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), o setor imobiliário em 2025 deverá apresentar um crescimento mais modesto. Essa previsão reflete as limitações impostas pela alta das taxas de juros, que continuam a impactar negativamente o acesso ao crédito, fundamental para a continuidade do crescimento no setor.
O economista e membro da CBIC, Celso Petrucci, ressaltou que o mercado imobiliário brasileiro enfrenta um cenário de “certa estagnação” em 2025, com lançamentos e vendas de imóveis que deverão oscilar em torno da estabilidade. A principal razão para essa previsão é a diminuição do poder de compra das famílias, causada pela elevação das taxas de juros. Como resultado, muitos brasileiros enfrentam dificuldades para financiar a casa própria, impactando diretamente o ritmo de vendas e lançamentos no mercado.
No segmento do Minha Casa Minha Vida (MCMV), as expectativas são mais otimistas. A previsão é que o programa habitacional continue a ser um dos maiores responsáveis pelo movimento do setor, com lançamentos e vendas se mantendo em níveis próximos aos recordes de 2024.
Em 2024, o orçamento do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) foi ampliado de R$ 86 bilhões para R$ 130 bilhões, o que possibilitou um desempenho positivo. No entanto, Petrucci alerta que esse orçamento está no limite para 2025, o que pode restringir a expansão do MCMV e afetar a quantidade de imóveis subsidiados disponíveis.
Por outro lado, fora do programa Minha Casa Minha Vida, o cenário é mais desafiador. A previsão da CBIC é que os lançamentos e as vendas de imóveis oscilem entre uma queda de 5% e um crescimento de 5%. Isso se deve ao aumento das taxas de juros, que tornam o crédito mais caro e, consequentemente, esfriam o apetite de empreendedores e compradores. A restrição do crédito e o custo elevado dos financiamentos estão forçando tanto as incorporadoras quanto os compradores a repensarem suas estratégias.
As condições mais difíceis para o crédito têm levado muitos consumidores a reverem suas expectativas. O aumento da taxa Selic, que eleva as taxas de juros do mercado, tem sido um fator crucial nesse cenário. Muitos brasileiros que tinham a possibilidade de comprar imóveis mais caros agora se veem forçados a adiar ou até mesmo repensar o sonho da casa própria. Nesse contexto, é evidente que as políticas públicas devem evoluir para garantir o acesso ao crédito em condições mais favoráveis, especialmente para a classe trabalhadora e as famílias que dependem de financiamentos para realizar a compra da casa própria.
Apesar dos desafios, o setor continua a mostrar resiliência. A necessidade de adaptabilidade será a chave para o sucesso das incorporadoras e para o crescimento sustentável do mercado. A busca por novas soluções de financiamento, a melhoria das condições de crédito e o fomento de políticas habitacionais mais acessíveis serão essenciais para garantir que o mercado imobiliário continue a prosperar, mesmo diante de uma economia instável e juros elevados.
Em minha opinião, o mercado imobiliário de 2025 será um ano de transição. As condições econômicas exigem uma resposta estratégica das incorporadoras, dos bancos e do governo. Enquanto o crédito permanecer restrito, será necessário pensar em novas formas de viabilizar o acesso à casa própria, seja por meio de novos modelos de financiamento, subsidiação de taxas de juros ou ajustes nas condições de crédito. O setor tem grandes oportunidades pela frente, mas, para aproveitá-las, será preciso estar atento às mudanças no cenário econômico e se adaptar rapidamente.