Recentemente escrevemos sobre os picaretas da mídia social e infelizmente temos que voltar ao assunto muito necessário. Vimos médicos novamente dizendo que ninguém deve se preocupar com os níveis anormais elevados do colesterol ruim (o LDL), um absurdo, outros afirmaram que não deveria existir a campanha Outubro Rosa, porque literalmente não existe o Câncer de Mama, e que na verdade o caroço é apenas uma inflamação localizada, outros vídeos de “indivíduos musculosos” falando dos efeitos maravilhosos da testosterona e outros anabolizantes, sem efeitos colaterais de AVC e Embolia Pulmonar e assim por diante. As dezenas de afirmações de cunho pessoal, sem nenhum fundamento científico, gravados com uma espetacular qualidade técnica para o público que acessa as mídias sociais, pululam como pragas, e nós temos a obrigação de alertar e contraditar tantas baboseiras divulgadas.
Um grupo de 34 Sociedades Médicas oficiais brasileiras procuraram a ANVISA e solicitaram a urgente proibição da fabricação e uso dos implantes ( pellets ou apelidados de chips da beleza) de hormônios e até de fármacos para emagrecimento ( essas nem autorizadas pelo fabricante europeu), o que foi determinado por resolução publicada no Diário oficial da União, no dia 18 de outubro de 2024. Deve ser ressaltado que apenas medicamento, um anticoncepcional, está liberado no Brasil. Na imensa maioria dos países do primeiro mundo, não é aceita essa forma de tratamento pela dificuldade de controle de qualidade na manipulação, aplicação, controle dos resultados de eficiência e dos possíveis efeitos colaterais, pois a liberação é contínua pelos “pellets”. Não se sabe quanto sai do implante para a circulação sanguínea, e se tiver problema clínico, a dificuldade de retirar é enorme, quase que impossível (nos de duração de 6 meses).
Enfim os tratamentos com as mesmas substâncias indicadas para doenças ginecológicas e outras continuam e o que se proibiu foi a forma de uso. O Código de Ética Médica proíbe que o médico comercialize o que prescreve, por exemplo um oftalmologista não pode ter uma loja de venda de óculos, e esse implantes com um custo de R$ 300,00 a 400,00 eram vendidos por R$ 7000,00 a 8000,00 cada. A tentação de um recém-formado de ganhar fortuna com essa “implantologia” é enorme, e daí surgiram professores e cursos de como fazer e vender a felicidade implantada num cliente. Nossa recomendação é aguardar as definições das entidades médicas oficiais, soubemos que certos políticos estão se movimentando para revogar a decisão técnica da ANVISA, esperamos que a ciência e saúde da população se sobreponha aos interesses comerciais.
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