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O realinhamento estratégico da geopolítica – por Elizabeth Leão

O Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais – IBMEC anunciou, hoje, a
chegada no Brasil da Union Pay, gigante chinesa de cartões de crédito para
substituir os americanos Visa, Mastercard e Amex, tendo, segundo o
economista José Kobori, um “verdadeiro propósito, uma intenção real de
construir um banco progressista, um banco de esquerda”.

O momento histórico que vive, atualmente, o Brasil e os brasileiros,
demanda muita calma e reflexão, aliado a ações concretas, seja por parte
da população, seja por parte daqueles que realmente têm o poder de
influenciar e conscientizar o comportamento de todos os despertos e não
despertos.

Trata-se de um momento crucial da nossa história.

A insegurança que se instalou na nossa sociedade, nos meios políticos e
jurídicos, parece conduzir a um caos insuperável. As sanções impostas pelo
governo americano ao comércio e a membros da mais alta Corte, em face
de condutas consideradas antidemocráticas, podem se transformar em um
turbilhão de dificuldades sobre as quais não se tem ou se terá controle, caso
não haja algum movimento de conciliação por parte dos nossos atuais
dirigentes.

Desde o primeiro momento, ficou claro que não se tinha a intenção de
estabelecer solução em face do conflito decorrente das tarifas impostas pelo
Governo Americano. Ao contrário, atitudes retaliatórias foram tomadas,
como se houvesse, por parte dos responsáveis brasileiros, a clara intenção
de propiciar uma ruptura das relações diplomáticas entre os dois países
historicamente amigos, países que sempre mantiveram valores e princípios
harmônicos. Desde sempre.


Temos, hoje, um governo permeado por ideologias baseadas em conceitos
socio-comunistas, fundamentadas em um projeto de união de “países
irmãos” que, juntos alcançariam uma hegemonia socialista na América do
Sul, baseado no conhecido Foro de São Paulo.

E o cenário se configurou totalmente propício frente às sanções impostas
pelo Governo Trump. A oportunidade de estabelecer e consolidar um
governo socio-comunista, controlado pela esquerda – nos moldes de outros
Países vizinhos -, parece, neste momento, perfeita, frente à considerada –
pelos ocupantes do Planalto -, “inoportuna interferência americana”.

Ocorre que existe um crucial equívoco na análise do cenário atual.

Vivemos um momento geopolítico diferente, hoje, em relação a época da
ascensão das ditaduras de esquerda no continente americano, como por
exemplo, na ascensão de Hugo Chavez e posterior instauração do regime
ditatorial na Venezuela.

O cenário geopolítico global e regional durante a tentativa de golpe de
estado liderada por Hugo Chávez, em 1992, contra o governo do então
Presidente Carlos Andrés Pérez, foi o estopim para tornar Chavez o centro
das atenções, quando profundas fissuras na sociedade venezuelana foram
expostas, assumindo o poder uma década depois, em 2002.

Na década de 90, os países da América Latina viveram um contraditório
momento entre a democratização e as crises econômicas, o que propiciou
o denominado “movimento de libertação” da Venezuela, por Chavez.

A queda do muro de Berlim em 1989, a dissolução da União Soviética em
1991, dentre outros eventos internacionais, alterou fundamentalmente o
sistema internacional e transformou os Estados Unidos da América em uma
potência global inigualável. Foi inaugurado um período amplamente
descrito como “unipolaridade”, consolidado pelo status do dólar americano
como a principal moeda de reserva mundial, seu poder comercial e sua
preponderância militar.


Inexistia, portanto, naquele momento, nenhum outro estado poderoso o
suficiente para estabelecer qualquer probabilidade de rivalidade
hegemônica nas relações internacionais.

Assim, o impacto da fragilidade estrutural no sistema político existente na
Venezuela, potencializado pelas questões domésticas daquela sociedade,
propiciou o movimento de Chavez, sem exigência de qualquer interferência
externa, principalmente porque não houve um período prolongado de
guerra civil que justificasse eventual “restauração da ordem”. A atuação do
governo americano, sob a liderança do Presidente George W. Bush, foi
diplomática e política, não militar.

Agora, em 2025, o cenário é totalmente diverso. O mundo se tornou
multipolar em evolução, onde a influência dos Estados Unidos da América,
embora ainda significativa, coexiste com o crescente poder de outras
nações e blocos regionais.

Não se trata, hoje, apenas de consolidar a clara intenção de escalar uma
ruptura com o Governo americano e instalar um governo socio-comunista
ditatorial, sem que drásticas consequências ocorram.

Inobstante a questão primordial aparentemente seja de disputa política
interna brasileira, em face da intensificação do autoritarismo judicial, que
vem afetando direitos humanos – como o tratamento antidemocrático a um
ex-Presidente -, bem como interferindo diretamente em direito de cidadãos
americanos, como impondo restrições e multas a plataformas e redes sociais
nos EUA, a disputa geopolítica parece ser mais profunda do que as questões
econômicas e políticas domésticas.

Observo que o atual governo brasileiro se encontra cada vez mais aliado
ao governo chinês, com predominância não apenas comercial, mas
também de submissão às ideologias ditatoriais e restritivas daquele país,
que, gradativa e silenciosamente busca adquirir parte substancial do nosso
território, nossas empresas, sabedor que é das imensas riquezas e recursos
renováveis e não renováveis existentes no solo brasileiro.


Sem sombra de dúvidas, a influência chinesa se transformou em um imenso
desafio ao poder geopolítico da América do Norte. Trata-se de
incontestável interferência do Oriente na cultura ocidental.

Existe, portanto, uma profunda disputa geopolítica pela América do Sul
Meridional, que se transformou numa arena global, pois esta parte do
planeta, além de todos os outros fatores expostos, tem um estratégico
posicionamento em face do seu acesso a três oceanos: o Atlântico, o Pacífico
e o Antártico.

Desta forma, em verdade, os EUA buscam um realinhamento geopolítico na
América do Sul e o Brasil é estratégico, pois configura um país que precisa
ter seus direitos democráticos restabelecidos, no que tange principalmente à
sua liberdade de expressão e demais direitos fundamentais.

Assim, parece que a estratégia do atual governo, baseado em um antigo
objetivo ideológico de transformar o país brasileiro em um estado socialistaditatorial, não vai encontrar ressonância nos planos do Governo Trump, que
busca estabelecer e consolidar na América Latina, uma hegemonia
democrática e socialmente justa.

Não mais vivemos o momento que sucedeu a Guerra Fria. Ao contrário,
hoje, os EUA buscam consolidar seu poderio econômico perante todos os
países do mundo e a manutenção da sua influência na América Latina é
primordial para a geopolítica americana.

Esperemos que o bom-senso seja instalado na mente de todos aqueles que
comandam os Poderes do nosso País, considerando que o povo brasileiro
está desperto e não se submeterá a medidas que malfiram sua liberdade
social e democrática.

Necessário que compreendam que o cenário atual em nada se parece com
o dominante na década de 90 e início do século XXI.

A submissão a um governo ditatorial não encontrará ressonância nos
corações e mentes do Heroico Povo Brasileiro.

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