Nesta segunda, 21, depois de um ano afastado dos campos de futebol por conta de uma contusão, Neymar voltou a jogar. Entrou no final do segundo tempo, quase marcou um gol, correu, trombou, atacou, defendeu. Mostrou que está recuperado.
No entanto, segundo alguns “especialistas”, não posso dizer se um jogador foi bem ou não apenas tendo assistido pela televisão. Não, para dar minha opinião, eu precisaria estar lá, à beira do campo, ao vivo.
Fogem da pergunta
Por que estou fazendo esse comentário irônico? De vez em quando, alguém tenta se esquivar de comparações entre jogadores atuais e ídolos do passado. Por exemplo, quando perguntam: “Você acha que Pelé foi melhor que Messi?”, alguns respondem: “Não posso dizer, porque não vi o Pelé jogar.” Cascata!
Quem sai pela tangente dessa forma, geralmente, também não viu Messi jogar ao vivo – ou, se viu, foi uma ou duas vezes, o que é insuficiente para formar uma opinião sólida. Na maioria das vezes, quem opina sobre Messi, Cristiano Ronaldo e outros craques de hoje os acompanhou apenas pela televisão ou internet.
Pelé e Garrincha
Portanto, quando alguém diz que não viu Pelé, Garrincha e tantos gênios do passado em campo, a solução é simples: basta assistir aos vídeos disponíveis para ter uma noção da qualidade dessas feras. Embora muitos registros das partidas de Pelé tenham se perdido, há um bom acervo preservado. O documentário Pelé Eterno, por exemplo, oferece uma amostra do que o Rei fazia em campo – pura magia.
Como dizia Gérson, o “canhotinha de ouro”: “Quando você pensava que ele iria fazer, ele já tinha feito.” E, no caso de Garrincha, “você nem conseguia imaginar o que ele iria fazer.”
A questão não é o ‘ao vivo’
Não estou discutindo quem é melhor ou pior; o ponto aqui é que essa história de não opinar sobre um jogador porque nunca o viu atuar é, muitas vezes, conversa fiada. Eu, por exemplo, nunca vi Romário, Ronaldo (exceto uma vez, já no fim da carreira) ou Ronaldinho Gaúcho ao vivo, mas isso não me impede de reconhecer que foram jogadores excepcionais.
Tive o privilégio de ver Pelé em campo várias vezes, mas, se não tivesse visto, nada me impediria de afirmar que ele foi o Rei do Futebol.
E os europeus?
Outro nome frequentemente exaltado, mas que poucos por aqui viram jogar ao vivo, é Cruijff. Um craque incomparável, sem dúvida. Mas quantos tiveram a oportunidade de ver esse gênio dentro de campo, além da televisão?
Por isso, quando alguém disser que não pode opinar porque não viu, especialmente ao comparar jogadores atuais com os do passado, desconfie. Provavelmente, está apenas buscando uma desculpa para escapar da pergunta.
O futebol piscou, você perdeu
Hoje em dia, vou pouco aos estádios e me tornei um “torcedor televisivo”. Nunca vi Endrick, Rodrygo, Vini Jr. ou Estevão jogarem ao vivo, mas, se me perguntarem, posso afirmar sem hesitar: todos são craques.
Com essa nova leva de talentos saindo tão jovens do país, a menos que você seja um torcedor assíduo, é fácil piscar e só ter a chance de acompanhá-los pela TV. Será que vão dizer também que não podem opinar sobre eles porque só os viram na telinha?
Pois é, pelo jeito, vamos ver Neymar em ação muitas vezes, e, mesmo sendo só pela televisão, acho que vou poder dar minha opinião sobre o seu desempenho. E, um dia, se alguém me perguntar quem foi melhor entre os velhos e novos jogadores, mesmo não tendo visto ao vivo, vou opinar. No caso de Neymar, será fácil: cracaço!