Protecionismo dos EUA erra o alvo e ameaça a ordem econômica liberal. O Brasil reage com diplomacia, reindustrialização e valorização do agro. Em julho de 2025, os Estados Unidos voltaram a atacar o livre comércio ao anunciar uma sobretaxa de 50% sobre importações brasileiras, repetindo o equívoco iniciado em 2018 com tarifas sobre aço e alumínio. Naquela época, o argumento protecionista era proteger a indústria americana e a “segurança nacional”, mas, sete anos depois, está claro que os EUA não colheram ganhos significativos. Os custos subiram, a competitividade caiu e os setores visados não foram revitalizados. Os americanos sequer recuperaram participação estratégica no mercado global como pretendiam.
O Brasil, por sua vez, respondeu com firmeza e bom senso. O governo enviou carta de repúdio a Washington, mobilizou empresários e aliados, articulou negociações bilaterais e buscou evitar uma escalada do conflito. O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, lidera essa articulação, reforçando a aposta brasileira no fortalecimento da indústria nacional e na construção de uma relação comercial equilibrada.
Desde janeiro de 2024, o Brasil conduz a Nova Indústria Brasil (NIB), lançada pelo Presidente Lula oficialmente em 22 de janeiro daquele ano no Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial. Sob a liderança de Alckmin, a NIB organiza a política industrial em seis missões estratégicas, com R$ 300 bilhões previstos até 2026. O programa já viabilizou mais de 168 mil projetos industriais, atraindo investimentos em inovação, sustentabilidade, defesa e competitividade internacional. Alckmin resumiu bem a ambição do Brasil: “Vamos atrair para o Brasil o que há de mais avançado”.
A agroindústria brasileira, por sua vez, é um pilar fundamental da soberania econômica e da competitividade externa. Representa cerca de 50% do PIB agropecuário e sustenta milhares de empregos e o desenvolvimento regional. A NIB dedica uma de suas missões às cadeias agroindustriais “sustentáveis e digitais”, com foco em mecanização, tecnologia e maior nacionalização de máquinas agrícolas. Em tempos de tarifas americanas que tentam fragilizar nosso agro, o Brasil reforça suas vantagens comparativas, transformando o campo em vetor de inovação, geração de divisas e sustentabilidade.
A sobretaxa imposta pelos EUA é um erro estratégico. Ela penaliza consumidores americanos, prejudica a indústria dos próprios EUA, dependente de insumos globais, e mina a previsibilidade do comércio internacional. Ao confundir soberania com isolamento, e ao adotar uma agenda populista e protecionista inspirada pela extrema-direita, os EUA abandonam os princípios do liberalismo econômico que ajudaram a construir.
O Brasil, por outro lado, mostra que é possível proteger a soberania e os empregos sem romper com o bom senso. Combinamos diplomacia firme, defesa das regras multilaterais, abertura comercial e investimento em competitividade. A NIB e a valorização do agro são exemplos de como soberania e livre comércio não são opostos, mas complementares em uma estratégia moderna e responsável.
Em tempos de extremismos e populismos econômicos, é oportuno lembrar que o comércio internacional não é um jogo de soma zero. O Brasil reafirma que quer soberania com abertura, previsibilidade e respeito às regras globais, e não uma guerra de tarifas em que todos perdem. Esse é o caminho do bom senso.
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