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Parmênides e a sua escola chamada dos Eleatas se contrapunham ao pensamento do pré-socrático Heráclito e dos Mobilistas – por Sorayah Câmara

A ideia dos Mobilistas, do movimento eterno, que nunca termina, é a ideia central do “Panta rei” que tudo está em fluxo, ou seja, refere-se ao pensamento Heracliano.

Portanto, a grande questão que colocava a Escola dos Eleatas e os Mobilistas em confronto seria a ideia do movimento.

Afinal, existe ou não um eterno devir?

Ou seja, um eterno movimento de todas as coisas.

Será que é possível encontrar alguma certeza ou tudo, realmente, é um grande relativismo?

Parmênides (530 a. C. – 460 a.C.) foi um filósofo grego da Antiguidade, o primeiro pensador a discutir questões relativas ao “Ser”. Foi um dos três mais importantes filósofos da Escola Eleática, junto com Xenófanes e Zenão.

Parmênides ou Parmênides de Eleia nasceu na colônia grega de Eleia, no litoral sudoeste da atual Itália, na Magna Grécia.

Parmênides acreditava que os Mobilistas incorreram em erro em relação à crença na ideia do movimento eterno.

Portanto, Parmênides acreditava na ideia de que esse movimento eterno era apenas aprendido pelos sentidos, mas que a razão mostrava a existência de ente, de ser, dos seres, que seriam imutáveis, universalmente imutáveis.

Parmênides e os Eleatas são adversários dos Mobilistas e defendiam uma posição que pode ser caracterizada como monista, ou seja, a doutrina da existência de uma realidade única.

Parmênides parece de fato o introdutor de uma das distinções básicas no pensamento filosófico, a distinção entre realidade e aparência.

O primeiro argumento existente contra o Mobilismo consiste em caracterizar o movimento apenas como aparente, como um aspecto superficial das coisas.

Se, no entanto, formos além de nossa experiência sensível, de nossa visão imediata das coisas, descobriremos por meio do pensamento que a verdadeira realidade é única, imóvel, eterna, imutável, sem princípio, nem fim, contínua e indivisível.

Parmênides somente acreditava na ideia de uma realidade única.

E essa realidade é perfeita, imutável.

E que se confronta com o pensamento dos Mobilistas.

Para ele, as verdades são encontradas somente por intermédio da razão.

Ou seja, se eu não utilizar a razão, eu não consigo encontrar essas verdades, segundo, Parmênides.

Por quê?

Porque os sentidos sempre me levarão a erro.

E o principal erro que Parmênides acreditava em relação a Heráclito (540 – 470 a.C.), filósofo pré-socrático da Ásia Menor, era a ideia do “Panta rei” que tudo está em fluxo.

Ou seja, tudo está em fluxo para os sentidos.

Enfim, para que se consiga enxergar a imutabilidade do ser, é preciso usar a racionalidade.
Portanto, somente a razão consegue mostrar a imutabilidade do ser.

Sem o raciocínio acima, acredita-se naquilo que Heráclito pensou, isto é, no “Panta rei”.

Ou seja, tudo está em fluxo e não existe nenhum tipo de verdade.

Tudo seria absolutamente relativo!

É o oposto do que Parmênides pensa.

Esse filósofo pré-socrático encontrará em Sócrates e Platão os seus seguidores.

Friedrich Nietzsche (1844-1900), filósofo alemão, apontará que o erro da filosofia está justamente nesta questão, ou melhor, na crença, na possibilidade de encontrar verdades absolutas, verdades universais. Verdades, que por óbvio, valham para todos indistintamente.

E Nietzsche é o grande nome do relativismo da Modernidade!

Parmênides elencou três vias para demonstrar a correção do seu pensamento e o erro dos Mobilistas.

Primeira Via do conhecimento: “Aquilo que é não pode não ser”.

A primeira Via afirma que “o ser existe e não pode não existir”, e que “o não ser não existe”, e a partir dessa afirmação, há uma série de consequências.

Primeiramente, fora do ser não existe nada e, portanto, também o pensamento é ser (não é possível para Parmênides pensar o nada); em segundo lugar, o ser é não gerado (porque de outro modo deveria derivar do não ser, mas o não ser não existe); em terceiro lugar, é incorruptível (porque de outro modo deveria terminar no não ser). Além disso, não tem passado, nem futuro, não existiria, e, portanto, existe em um eterno presente, é imóvel, é homogêneo (todo igual a si, porque não pode existir mais ou menos ser), e perfeito (e, portanto, pensável como esferiforme), e limitado (enquanto no limite se via um elemento de perfeição) e uno. Portanto, aquilo que os sentidos atestam como em devir e múltiplo, e consequentemente tudo aquilo que eles testemunham é falso.

Essa ideia de Parmênides em relação à impossibilidade de se falar sobre o não ser é uma das ideias que depois Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C), filósofo grego, se aprofundou, ou seja, a lógica importante é a ideia de que o ser é e o não ser não é.

Portanto, para Parmênides não se pode falar do não ser porque o não ser não é, é imutável, incorruptível.
Essa ideia provaria o erro da Escola Mobilista que acredita no movimento eterno.

Para Platão (427 a.C. – 347 a.C.), filósofo grego, os sentidos levam à doxa (opinião), à incerteza, e, portanto, a filosofia não pode viver de opinião!

Enfim, filosofia tem que se embasar em certezas, na episteme (conhecimento verdadeiro) como diria Platão.
Portanto, ele opta pelo caminho que julga mais seguro que é o da existência de verdades absolutas, verdades imutáveis.

Platão acredita como Parmênides que o ser seria absolutamente imutável.

E, portanto, somente os sentidos é que nos levariam a um erro e nos levariam a acreditar que nós poderíamos falar sobre o não ser.

Quando, na verdade, não existe essa possibilidade segundo a primeira Via do conhecimento de Parmênides.
A terceira Via do conhecimento de Parmênides não haverá uma negativa tão forte em relação aos sentidos, mas após os sentidos nos darem alguma informação, obrigatoriamente, deverá ser pensado pela razão.

Enfim, por meio da razão é possível descobrir conceitos verdadeiros, conceitos perfeitos e imutáveis a partir das informações que são obtidas pelos sentidos.

Portanto, a razão deve comandar os instintos, mas esses devem ser considerados sob as rédeas da razão.
Ou seja, a razão deve comandar os instintos em todas as nossas ações sob pena de acabarmos falando sobre o não ser.

Enfim, sob pena de acreditarmos que não existem valores, ideias, o ser imutável e perfeito, cremos na possibilidade de um eterno “devir”, de um eterno “vir a ser”, de um fluxo, de um movimento que seja constante, seja no Cosmo, seja na nossa própria realidade.

“Pois pensar e ser são o mesmo”.
Parmênides (530 a.C. – 460 a.C.), filósofo pré-socrático.

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