Quando falamos de dor crônica, estamos tratando de um problema global e altamente prevalente. Estima-se que 1 em cada 5 adultos no mundo sofra de dor crônica, um sintoma que reflete desregulações complexas no corpo, afetando os níveis físico, emocional e psicológico. Essa condição impacta diretamente a qualidade de vida das pessoas, interferindo nas atividades diárias e prejudicando a saúde mental.
A dor crônica afeta aproximadamente 21% dos adultos no mundo, e cerca de 8% deles apresentam o que chamamos de dor crônica de alto impacto (HICP), ou seja, uma dor que limita as atividades de vida ou trabalho na maioria dos dias. No Brasil, cerca de 37% da população enfrenta algum tipo de dor crônica, o que muitas vezes leva a limitações físicas, isolamento social e perda de produtividade.
A dor crônica não afeta apenas o corpo, mas também a mente e as emoções. A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) já reconhecia essa relação. A medicina ocidental agora tem abraçado o conceito de dor psicogênica, que descreve dores que não têm uma causa física clara, mas que são intensificadas por fatores emocionais.
Pesquisas mostram que várias áreas do cérebro estão envolvidas no processamento da dor, como o córtex pré-frontal (responsável pela atenção e planejamento), o córtex cerebral (pensamentos e crenças) e o sistema límbico (o centro emocional do cérebro). Quando estamos emocionalmente abalados ou enfrentando condições como depressão ou ansiedade, nossa percepção da dor aumenta. Isso acontece porque emoções negativas podem “desligar” os mecanismos naturais de relaxamento e amplificar os sinais de dor enviados pelo corpo. Por outro lado, emoções positivas, como relaxamento, alegria e gratidão, ajudam a reduzir a intensidade da dor. Pacientes com dor psicogênica crônica podem sentir desconforto em diversas partes do corpo, como dores de cabeça, dores musculares ou nas costas. Condições como a fibromialgia são exemplos de diagnósticos que envolvem essa interação entre mente e corpo.
A acupuntura tem se mostrado uma abordagem eficaz para tratar a dor crônica, inclusive quando esta envolve fatores emocionais. Na MTC, a dor é vista como um bloqueio no fluxo de energia vital, o Qi, que circula pelos meridianos do corpo. Quando esse fluxo é interrompido, surge a dor e outros sintomas. A acupuntura atua desbloqueando esses canais, restaurando o equilíbrio e promovendo a cura.
Do ponto de vista da medicina ocidental, a acupuntura estimula o sistema nervoso central, liberando endorfinas e serotonina, substâncias que reduzem a dor e promovem a sensação de bem-estar. Isso não só alivia a dor física, mas também ajuda a tratar a ansiedade e a depressão, frequentemente associadas à dor crônica.
A eficácia da acupuntura no tratamento de dores crônicas como artrite, enxaquecas, fibromialgia e dores nas costas é amplamente documentada. O tratamento também melhora a qualidade de vida de pacientes com dor de alto impacto, que muitas vezes têm sua capacidade de trabalhar e realizar atividades básicas prejudicada.
É importante entender que muitas vezes, pacientes com dor crônica enfrentam sintomas emocionais sobrepostos, como depressão e ansiedade. Assim, tratar apenas a dor física pode não ser suficiente para esses pacientes.
A acupuntura oferece uma abordagem holística, tratando tanto os aspectos físicos quanto emocionais da dor. Com sessões regulares, muitos pacientes relatam uma melhora significativa não só na dor, mas também no humor, no sono e na qualidade de vida em geral.
Ao abordar o corpo e a mente como um todo, a acupuntura vai além do alívio imediato, promovendo o equilíbrio e restaurando o bem-estar emocional. Afinal, viver com dor não precisa ser um destino.
Dor física nunca é apenas física; também é emocional. Por Cristiane Sanchez
Enfermeira, Dra em Saúde do Adulto, especialista em acupuntura e estética.
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