A concepção medieval cristã observava o homem como um ser supremo da criação divina e a terra era o centro do universo (geocentrismo).
A Idade Moderna significou uma ruptura com essa concepção de mundo dogmática, que não permitia a reflexão e a crítica.
Após a Idade Média, há um período de transição entre o século XV e XVI para a Idade Moderna, que significou uma ruptura com a tradição anterior cristã, fundamentada em Deus, e, portanto, passou-se a valorizar o homem.
Nessa época surgiu o Humanismo Renascentista que foi um movimento intelectual e filosófico, marcado pelas artes plásticas, valorização do homem, liberdade e criatividade.
Portanto, foi o momento em que se rompeu com a visão sagrada e teológica na arte, no pensamento, na política e na literatura. O conhecimento dos gregos antigos passou a ser valorizado nesse período.
A Idade Moderna propôs uma nova visão de mundo, distante da autoridade imposta pelos costumes e pela hierarquia da nobreza e da Igreja, ou seja, propôs o que há de virtuoso, intuitivo e espontâneo na natureza humana.
Por conseguinte, surgiram novos pensadores e artistas, especificamente, Leonardo da Vinci (1452-1519), William Shakespeare (1564-1616), Rafael (1483-1520), Maquiavel (1469-1527), Michelangelo (1475-1564) e Montaigne (1533-1592).
Foi nesse contexto histórico que surgiu a Filosofia Moderna que é uma corrente ideológica entre o século XV e que prevaleceu até o século XVIII. É uma maneira de pensar e ver o mundo que valoriza as artes, o pensamento, a política, a ciência.
Destacaram-se nesse período: o Humanismo Renascentista do século XV; a descoberta do Novo Mundo (século XV); a Reforma Protestante do século XVI; a revolução científica do século XVII; o desenvolvimento do mercantilismo e a ruptura da economia feudal; os grandes núcleos urbanos e a invenção da imprensa.
O Humanismo Renascentista do século XV rompeu com a filosofia cristã da Escolástica medieval e, valorizou o saber dos gregos antigos, retomando a concepção do humanismo.
Portanto, a liberdade e a razão passaram a ter importância novamente, e não apenas o mundo divino.
A Reforma Protestante com Martinho Lutero (1483-1546), sacerdote católico alemão, propôs a defesa da liberdade individual e da consciência, e valorizou a ideia de que o indivíduo é capaz de encontrar a sua própria verdade religiosa.
Nicolau Copérnico no século XVI defendeu matematicamente que a Terra gira em torno do Sol, rompendo com o sistema geocêntrico de Ptolomeu (século II) e inspirado em Aristóteles.
No século XVII, a Filosofia e a Ciência se separaram. Copérnico, Giordano Bruno e Galileu Galilei foram os principais pensadores do período.
Surgiram o racionalismo e o empirismo como sendo os novos paradigmas da Filosofia Moderna, instrumentos para conhecer a realidade.
A Filosofia Moderna foi a que mais confiou nos poderes da razão para conhecer e conquistar a realidade e o homem, por isso, esse período foi denominado de Grande Racionalismo Clássico.
René Descartes (1596-1650), filósofo e matemático francês, inventor da geometria analítica, marcou essa forma de pensamento.
O racionalismo sustenta que há um tipo de conhecimento que surge diretamente da razão.
É baseado nos princípios da busca da certeza e da demonstração, sustentados por um conhecimento que não vem da experiência e que são elaborados somente pela razão.
O pensamento racional ao introduzir a dúvida no processo do pensamento, introduz a crítica como parte do desenvolvimento do conhecimento científico.
Destacaram-se os seguintes pensadores racionalistas nesse período: René Descartes (1596-1650), Pascal (1623-1662), Spinoza (1632-1677) e Leibniz (1646-1716), Friedrich Hegel (1770-1831).
René Descartes é considerado um dos pais da Filosofia Moderna e um dos principais pensadores do racionalismo. O princípio básico de sua filosofia é a frase: “Penso, logo existo”.
A base de seu método é a dúvida relativa a todas as nossas crenças e opiniões.
Defendia que tudo deve ser rejeitado se houver qualquer possibilidade de dúvida.
Valorizava o ser pensante em relação ao real a ser conhecido.
Descartes acreditava que o método racional é o caminho para garantir o conhecimento de uma teoria científica.
Para ele, o essencial é organizar o nosso pensamento, evitar a confusão, e somente pensando de forma organizada é possível conseguir ser racional.
Portanto, todo conhecimento deve ser fundado na razão.
Com a Filosofia Moderna, o homem passou a refletir sobre o seu pensamento e esse se tornou um objeto de estudo. Logo, a natureza, as instituições sociais e a política podem ser compreendidas pelas ideias e pela razão.
A realidade é racional porque é um sistema ordenado de causas e efeitos que podem ser conhecidos, transformados e alterados pelo homem.
John Locke (1632-1704), filósofo inglês, é considerado o pai do Iluminismo.
Ele afirma que o homem, ao nascer, é uma “tabula rasa”, um papel em branco.
Para John Locke, a fonte de nossos conhecimentos são, basicamente, a sensação e a reflexão.
Posiciona-se contra o absolutismo monárquico e o poder de origem divina.
As bases socioeconômicas do Iluminismo estão no desenvolvimento do comércio e na ascensão da burguesia. Os seus valores fundamentais são: igualdade jurídica, tolerância religiosa e filosófica, liberdade e propriedade privada.
Os principais pensadores iluministas são: Montesquieu (1689-1755), Voltaire (1694-1778), d´Alembert (1717-1783), Rousseau (1712-1778) e Adam Smith (1723-1790).
Para os empiristas, o conhecimento da razão, da verdade e das ideias racionais é importante, mas desde que estejam ligados à experiência.
O método empirista se baseia na formulação de hipóteses, na observação, na verificação de hipóteses com base nos experimentos.
O empirismo provocou uma revolução para a ciência e a partir da valorização da experiência, o conhecimento científico, que antes se contentava em contemplar a natureza, passou a querer dominá-la, buscando resultados práticos.
Os principais filósofos empiristas são: Francis Bacon (1561-1626), John Locke (1632-1704), David Hume (1711-1776), Thomas Hobbes (1588-1679), John Stuart Mill (1806-1873), George Berkeley (1685-1753).
Outros nomes, também, importantes da Filosofia Moderna são: Diderot (1713-1784), Immanuel Kant (1724-1804), Isaac Newton (1643-1727), Pascal (1623-1662).
Com Immanuel Kant (1724-1804) surgiu o “Racionalismo Crítico” ou “Criticismo”: sistema que procura determinar os limites da razão humana.
Sua filosofia foi sintetizada em suas três obras principais: “Crítica da Razão Pura”, “Crítica da Razão Prática” e “Crítica do Juízo”.
A Filosofia Moderna tem início com o Renascimento e termina com o Iluminismo, tendo como marcas principais a valorização da razão e o cientificismo.
Em síntese, a Filosofia Moderna rompeu com o pensamento medieval que subordinava a razão à fé.
“Não há nada no mundo que esteja melhor repartido do que a razão: todos estão convencidos de que a têm de sobra.”
René Descartes (1596-1650), filósofo, físico e matemático francês.