Quando pensei em escrever esse artigo, lembrei-me que faziam exatos 50 anos da minha primeira ida à Argentina. A bordo de um táxi, trafegando pela imponente e larga Avenida 9 de Julho, ouvimos de minha saudosa e culta mãe a seguinte frase: ” Filhos, agora vocês estão respirando ares de EUROPA”.
Nas ruas era notória a elegância de homens com sua impecáveis “corbatas”, capas de pura lã, chiques bengalas, ternos de risca de giz….as mulheres com seus “tailleurs” de caimento justo, cabelos e unhas bem feitas, maquiagem discreta, bolsas, brincos, pulseiras e colares que tão bem destacavam seu porte e elegância. Os prédios e construções imponentes, o desejado comércio de roupas em couro, as churrascarias, cafés e imperdíveis parriladas com papas frita.
Porém, embora não deixasse transparecer, o país outrora uma das principais economias mundiais – nos anos 50 chegou a emprestar dinheiro à Espanha – já sofria com as escolhas políticas ideológicas e saudosistas do peronismo, e via deteriorar sua pujante economia…..
Os últimos 50 anos foram “ladeira abaixo”; só para lembrar, inventaram uma guerra imbecil para recuperar suas eternas Malvinas, possessão britânica, na tentativa de criar um factóide ridículo para encobrir o caos econômico, o qual resultou em completo fracasso e perda inútil de vidas humanas.
Os governos que se seguiram apenas aceleraram a bancarrota… nas eleições de 2023 o povo apostou numa virada radical – assim como no Brasil em 2018 – Javier Milei, um economista bem aos moldes de Bolsonaro ( e apoiado por este ), venceu com folga e levou a Direita Conservadora ao poder.
Imediatamente baixou cerca de 365 medidas que mexem substancialmente com a vida dos argentinos, e as enviou ao Congresso.
E aí começa o drama!!! Já houve manifestações de rua, de congressistas revoltados, imprensa distorcendo, fakes, coisas que estamos acostumados no Brasil.
Como irá agir Milei? Continuará nos palanques vociferando, ameaçando, usando seu costumeiro
palavreado chulo, medindo forças com parte da velha mídia, a Suprema Corte e os partidos de oposição? Ficará no discurso de campanha comprando brigas que não consegue vencer e tendo que posteriormente ceder?
Se assim for, seus adversários perderão o medo, o respeito…entre seus aliados, muitos abandonarão o navio. Não contará com os militares, não conseguirá realizar boa parte de suas promessas, será obrigado a tombar o Rei no xadrez 5d, e por fim, será comparado ao “cão que ladra, mas não morde”!
Mudanças radicais requerem atitudes e manobras radicais, menos conversa, mais ação, alianças fortes, pulso forte, autoridade e não autoritarismo, impor respeito!
Deixo para Milei, um humilde conselho que foi base de grandes conquistas por diversos povos mundo afora, ainda antes da Idade Média: ” quando não puderes com um inimigo, alia-se a ele para enfrentar um inimigo em comum mais forte….e depois acertamos nossas diferenças “.
Boa sorte Milei! A Argentina tem história pujante e não merece a lamentável situação que se encontra!
Raul Jafet é jornalista e empresário